A explosão tecnológica mudou a cara de São Francisco. A principal cidade na região metropolitana onde está o Vale do Silício passou a concentrar um número cada vez maior de empresas, o que aumentou a oferta de emprego. Mas nem a competição acirrada resolveu todos os problemas nas relações de trabalho. Por exemplo, a desigualdade entre gêneros. No município em que a renda média anual em 2014 era de US$ 79.778 por moradia e o número total de empregos cresceu 22% desde 2010, as mulheres ainda ganham em média 22,4% a menos que os homens em todos os níveis de escolaridade.

A qualidade e quantidade das oportunidades de emprego são um bom modo de medir a saúde econômica de um local, mas São Francisco enfrenta um déficit de imóveis que tem pesado no bolso dos trabalhadores, mesmo entre os mais qualificados. O preço médio de um imóvel na área é de US$ 830 mil (6% maior em relação ao ano de 2014) e do aluguel de um apartamento é de US$ 3.890. Aproximadamente 34% dos locatários comprometem mais de 35% da sua renda com o aluguel. O crescimento da renda média por moradia, de 4,7% acima da inflação se comparada a 2014, não foi suficiente para cobrir a alta dos imóveis.

Quanto maior o nível de escolaridade dos empregados, maior a desigualdade salarial entre gêneros. Enquanto mulheres com escolaridade inferior ao nível médio recebem US$ 0,95 para cada dólar ganho por um homem, mulheres pós-graduadas recebem em média US$ 0,73. Parece muito, mas a disparidade de salários entre homens e mulheres com essa escolaridade já chegou a 42% em 2014.

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Há profissões que são exceções, como na área de arquitetura e engenharia que pagam 42% a mais para mulheres que os salários ganhos pelos homens nos mesmos níveis gerenciais. No entanto, se consideramos a totalidade das mulheres empregadas, a disparidade entre salários ainda é de US$ 0,82 ganho por mulher para cada dólar pago para um homem.

Em São Francisco, 50 mil postos de trabalho foram criados nos últimos quatro anos e que recebe aproximadamente 10 mil novos habitantes por ano. O estado da Califórnia aprovou recentemente uma lei que torna obrigatório que pessoas exercendo funções “substancialmente similares” recebam o mesmo salário – aqui no Brasil, por exemplo, a lei trabalhista também prevê pagamentos iguais para pessoas com o mesmo cargo. No entanto, ela não tem impacto sobre os dados de 2015, pois entrou em vigor a partir em 1º de janeiro desse ano – mas ainda pode impulsionar a redução das disparidades salariais em 2016.