De acordo com os dados do Infosiga do Estado de São Paulo, compilados pela Ciclocidade, houve um aumento de 75% no número de mortes de ciclistas em São Paulo neste primeiro semestre, em comparação ao mesmo período de 2016. Ao todo, já foram 21 vítimas contra 12 no ano passado. A morte de pedestres por atropelamento no primeiro semestre de 2017 também aumentou em 23%, comparando com o mesmo período do ano passado.

Mais do que um número preocupante e alarmante, o dado mostra uma mudança de padrão da cidade, que desde 2005 vinha apresentando queda no número de mortes por atropelamento ou colisão. A tendência de diminuir as fatalidades estava totalmente alinhada com as estratégias de políticas públicas que precisam ser implementadas na capital. Ou seja, este aumento representa um retrocesso em um trabalho de 12 anos.

Segundo o diretor da associação de ciclistas, Daniel Guth, em entrevista à rádio CBN, ainda é cedo para gerar um relatório analítico completo, mas já é possível traçar algumas semelhanças entre as mortes dos ciclistas. “A maioria acontece fora do centro expandido, onde tem menos fiscalização, menos acompanhamento do poder público e políticas cicloviárias muito mais precárias. Além disso, muitas também ocorrem nas principais vias, onde o trânsito é mais agressivo e com velocidades mais altas”, explica.

A relação de força entre o transporte individual motorizado e quem se desloca com a própria energia está desproporcional, o que coloca a vida das pessoas cada vez mais em risco. Para Daniel, é necessário desenvolver políticas públicas completas que têm como objetivo reduzir, minimizar e em longo prazo zerar as mortes de ciclistas; e também expandir a malha cicloviária para trazer mais ciclistas às ruas, porém com segurança e conforto.

Pedestres

No caso de quem anda a pé, o que chama mais atenção são as vítimas com mais de 60 anos de idade. “Muitos morrem em locais de travessia. Os semáforos são rápidos e nada inclusivos. Além disso, o trânsito violento e as altas velocidades corroboram para os acidentes acontecerem”, afirmou Daniel à rádio.

O atual prefeito de São Paulo, João Doria, sancionou no mês passado o Estatuto do Pedestre, que pretende servir como uma cartilha de medidas para incentivar o deslocamento a pé na cidade, colocando o pedestre no foco da política de mobilidade urbana. Uma das cláusulas é justamente sobre a redefinição do tempo semafórico. Com o estatuto em vigor, a Prefeitura precisará instalar semáforos inteligentes para pedestres em cruzamentos de maior circulação, com informações sobre o tempo de travessia, largura da via e alertas sonoros.