Uma neblina tóxica e espessa se depositou sobre Medellín levando o prefeito a declarar alerta vermelho. Produto de gases provenientes da indústria e principalmente do uso de automóveis, a camada escura de poluição se acumulou por uma série de fatores geográficos e também de hábitos sociais.

Segundo um estudo da Universidade Nacional, o aumento da concentração de poluentes teve início em março, em grande parte porque o local se encontra em um período de transição entre as temporadas de seca e de chuvas. As estações de monitoramento do ar locais chegaram a registrar aumento de até 2,5 partes por milhão na concentração de partículas finas, que podem causar graves doenças respiratórias. Como Medellín fica no Vale de Aburrá, a massa escura de neblina que paira sobre o local impede a passagem da radiação solar, que faria com que a poluição subisse até as montanhas, onde outros ventos a carregariam para longe.

O diretor da Área Metropolitana de Aburrá, Eugenio Prieto, disse ao El Tiempo que as condições climáticas são apenas parte do problema. Em Medellín, veículos automotores são responsáveis pela emissão de 80% das partículas menores, 74% da de dióxido de carbono, 99% da de metano e 80% da de oxigênio nitroso por meio da queima de combustíveis fósseis.

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Assim como aconteceu na Cidade do México e Madri, a má qualidade do ar levou a administração municipal tomar medidas de restrição a circulação de automóveis, motos e caminhões no início de abril. Atividades físicas e recreativas ao ar livre foram suspensas e por 27 horas no primeiro fim de semana do mês os veículos automotores foram impedidos de circular e a passagem de caminhões pelo perímetro urbano foi barrada. O passe livre no metrô foi liberado durante as horas de pico e continuará assim até segunda ordem.

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As condições atmosféricas melhoraram levemente desde a tomada das medidas de contingência e as restrições foram suspensas no último dia 9, com exceção do rodízio com base nas placas veiculares. As atividades ao ar livre também foram retomadas, ainda que as alterações atmosféricas não tenham sido significativas.

Apesar de ser considerada a cidade colombiana com o melhor sistema de transporte público, Medellín possui uma frota de 630 mil carros particulares e 636 mil motocicletas (para 2,1 milhões de habitantes), conforme dados levantados pela Área Metropolitana do Vale de Aburrá em associação com o Instituto Clean Air de Washington. O município é o nono mais poluído da América Latina, ficando atrás das cidades brasileiras como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

Medellín ainda não tem um plano de médio e longo prazo para evitar que a contaminação do ar volte a piorar. Mesmo as medidas emergenciais foram suspensas assim que as condições atmosféricas melhoraram um pouco. Enquanto isso, os moradores continuam expostos a alta concentração de poluentes e nada garante que a qualidade do ar que já não é ideal se mantenha nos níveis atuais.