O uso de sistemas de informação para o melhor gerenciamento de centros urbanos já foi identificado como um dos grandes mercados para as próximas décadas. Várias empresas investem na área, seja na forma de tecnologias para cidades inteligentes quanto na possibilidade de se trocar dados em tempo real para otimizar recursos (desde gestão pública até no compartilhamento de coisas).

Ainda é uma área em que as empresas e os usuários estão se acostumando com a nova realidade criada, e, em 2016, muita coisa ainda soa como experiência para o futuro. Veja alguns dos pontos.

Sistemas interligados

Tecnologias foram empregadas em vários momentos, desde o mapeamento das áreas mais atingidas por um terremoto no Equador à gentrificação de bairros de acordo com as manifestações em redes sociais, passando pela análise para a queda de usuários no metrô, definição do tempo dos semáforos, uso de aves para medir de poluição e descoberta de focos do Aedes aegypti. Tem até gente pensando em criar centros urbanos novos dentro dos conceitos de cidades inteligentes, um debate que vai do interior do Ceará à empresa que é dona do Google.

Isso ainda não aconteceu completamente, até porque ainda se discute qual será o rumo que essa “indústria” tomará. Por exemplo, há quem defenda que o futuro será em rede, sem uma central que comande todos os processos, e há até quem considere que essa discussão não deva tomar a dianteira de outras que ainda ocorrem nas grandes cidades.

O que fazer com o Uber? E o que o Uber quer fazer?

O Uber (e seus concorrentes) dominaram o noticiário em diversos momentos. O aplicativo causou alvoroço em várias metrópoles com a possibilidade de oferecer transporte individual atacando algumas das fragilidades do serviço de táxi nas capitais brasileiras, mas não demorou até que os motoristas da empresa se mobilizassem para expor a precariedade das relações trabalhistas que enfrentavam. Enquanto a legalização a regulamentação dos serviços prestados pelo Uber na cidade de São Paulo foi decretada pelo prefeito em maio, em julho já era ficava evidente um dos impactos da atuação da empresa: o barateamento dos alvarás para táxis.

Os milionários prejuízos do Uber motivou a empresa a buscar eliminar seus motoristas. Pittsburgh foi a cidade escolhida para realizar os seus primeiros testes com carros autônomos no serviço de transporte individual de passageiros em setembro. Mas não foi por acaso que o município serviu de laboratório para o experimento, uma vez que a administração pública local fez questão garantir ao Uber o benefício da rédea solta. No entanto, a empresa deve enfrentar mais resistência ao programa de testes em São Francisco, pois o estado da Califórnia enviou uma carta dizendo que os testes devem parar logo depois do anúncio de que a cidade natal do Uber seria a segunda localidade a receber os carros autônomos.

Airbnb x mercado imobiliário

Esse problema esteve um pouco distante do Brasil, mas o Airbnb provocou discussões até mais acaloradas que o Uber em várias cidades. Onde há muito interesse turístico e um mercado imobiliário aquecido, criava-se um conflito: por que um proprietário colocaria seu imóvel para alugar se podia lançar no Airbnb e tirar mais dinheiro no final do mês? Isso fez que a oferta de imóveis caíssem em importantes metrópoles de Estados Unidos e Europa, motivando o poder público a proteger o interesse dos habitantes (que precisam de uma casa para alugar e morar).

Berlim foi a primeira cidade a impor multas aos proprietários que alugassem apartamentos inteiros por períodos menores que um ano e maio marcou o fim do tempo concedido para que eles se adaptassem a essa regra. Consequentemente, entre fevereiro e março, o número de ofertas de hospedagem na capital alemã caiu 40%. Nova York já possuía uma lei que proíbe os locadores de alugarem imóveis por menos de um mês, mas em junho o senado estadual estabeleceu multas de até US$ 7,5 mil para quem burlasse a regra.

A realidade expandida

Uma das manias que passaram por 2016 foi o game Pokémon Go. Nele, o jogador pega seu celular e busca pokemons enquanto caminha por ruas e parques. A onda foi tão forte que modificações foram feitas no aplicativo após usuários causarem acidentes de trânsito (e também motivou desenvolvedores a proporem o uso de transporte público para a caçada).

Ainda que a moda já tenha passado no final do ano, o game mostrou a força do conceito de realidade expandida como maneira de conectar as pessoas a suas comunidades. Afinal, sobraram relatos de pessoas – sobretudo crianças – que deixaram o sedentarismo de lado para caminhar por seus bairros em busca de monstrinhos de bolso.