O BRT de Curitiba, implantado nos anos 1970, é uma referência internacional de sistema de transporte. No entanto, a popularidade dos coletivos locais vem caindo entre os usuários. Entre 2007 e 2014, o número de passageiros caiu de 2,3 milhões para 2,27 milhões. O presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha, disse à Gazeta do Povo que, em 2016, o número total de passageiros transportados na capital paranaense diminuiu 7%.

Entre 2007 e 2016, a população curitibana passou de 1,79 para 1,89 milhão, segundo dados do IBGE. Se o número de habitantes locais só aumentou nesse período, como explicar a queda no número de passageiros?

Aqui no Outra Cidade, Adit Miranda já deu uma dica: Curitiba precisa de um bilhete único. Passou da hora de a cidade agregar a integração física feita por meio das estações tubo com a integração temporal, com um intervalo determinado no qual o usuário pode trocar de veículo pagando uma tarifa única. Isso sem falar nas situações nas quais os passageiros que se beneficiariam da adoção do bilhete são penalizados com uma viagem mais longa caso optem por fazer a integração física para não pagar outra passagem.

Em 1992, o primeiro biarticulado fez sua estreia nas vias da capital paranaense. Desde então, a frota de veículos do sistema de transporte público curitibano cresceu 57% até 2016, expondo os limites da integração física. Um outro tipo de integração física, no entanto, é mais do que desejada: a intermodal. O projeto do metrô curitibano conta com 17,6 quilômetros e 15 estações demorou tanto que o orçamento ficou defasado e ainda não foi encontrada uma fonte de financiamento para quitar a diferença dos valores atualizados.

O mesmo município cujo sistema de transporte serviu de referência para cidades brasileiras e de outros países, como Bogotá, também possui uma proporção de veículos particulares por habitante similar à da Austrália. Na década de 1970, quando o BRT começou a operar, a cidade possuía uma relação de 4,52 habitantes por automóvel e era a capital mais motorizada do país. Em 2014, com um carro para cada dois habitantes, a cidade figurava ainda no topo da lista. Desde o início de 2016, no entanto, a frota local encolheu um pouco e passou a possuir três mil carros a menos.

Os números da pesquisa de satisfação feita pela WRI Brasil para a prefeitura indicam que apenas 32% dos curitibanos se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos com o transporte público. Entre os que se declararam nem um pouco contentes se encontram 22% dos entrevistados. A maior fonte de descontentamento é a tarifa de R$ 3,70, reprovada por 62% dos passageiros. O prefeito eleito, Rafael Greca, disse ainda em campanha que o aumento da tarifa é “inevitável”, o que aponta para um futuro nada promissor no que diz respeito à recuperação da adesão aos coletivos.