Bruges é uma das tantas cidades a ganharem o apelido de “Veneza do Norte”. Compreensível para uma área histórica, tombada como Patrimônio da Humanidade, cheia de canais. Uma paisagem que ajuda o turismo, mas acaba atrapalhando bastante a circulação por terra, deixando suas ruas estreitas constantemente tomadas pelo tráfego. Um problema que se agravava por causa de… cerveja.

A cervejaria De Halve Maan produz anualmente mais de 3,5 milhões de litros em sua fábrica no centro de Bruges. No entanto, ela não tem espaço suficiente para abrigar maquinário industrial. Por isso,  carrega toda sua produção em caminhões até o local onde era realizado o engarrafamento, a três quilômetros dali. Um vaivém que tornava ainda pior a circulação de veículos na cidade, até que fosse lançada um projeto inusitado, a construção de um cervejoduto para ligar as unidades da empresa.

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A ideia surgiu quando o dono da De Halve Maan, Xavier Vanneste, viu trabalhadores instalando uma rede de cabos. Ele pensou que um sistema que desse vazão à produção seria menos poluente, não geraria congestionamentos e não prejudicaria o cotidiano da cidade.

O cervejoduto demorou três anos para ser construído e custou US$ 4,5 milhões. O projeto foi parcialmente bancado pelos fãs da cerveja, que doaram US$ 335 mil para a construção da estrutura. A recompensa para quem  participasse da campanha de crowdfunding eram 18 copos personalizados e uma garrafa de 300 ml todos os dias, pela vida toda.

Devido à falta de um espaço fechado que pudesse abrigar a montagem dos canos, eles foram construídos sobre os canais em três trechos de 198 metros de comprimento e ficaram boiando sobre a água até serem inteiramente enterrados. O cervejoduto foi feito com polietileno de alta densidade com aproximadamente 30 cm de diâmetro.

Conforme as exigências arquitetônicas de Bruges, em alguns locais os canos foram enterrados em profundidade maiores que em outros. A equipe de 30 pessoas responsável pela execução do projeto encontrou teve que lidar com alguns obstáculos como a casa de concertos local, onde tiveram que abrir espaço por 35 metros de profundidade entre as camadas de arenito para fazer a instalação do sistema.

A rede de canos tem a capacidade transportar mais de 4 mil litros de cerveja por hora entre o centro da cidade e a engarrafadora. Cada remessa demora de uma hora e meia à três horas para fazer o percurso de ponta a ponta. A lentidão da vazão tem um propósito: evitar que a cerveja pegue muito ar.