Foi um sábado de muitos eventos, palestras e debates na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. O primeiro dia do Festival Path apresentou ideias e conhecimentos de diversos temas, e separamos alguns deles. Se quiser ver como estava o clima, veja no álbum de nossa página no Facebook.
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A quebra de barreiras sociais como ferramenta de empoderamento
O projeto A Banca, do DJ Bola, se define como iniciativa “cultural-social” e começou a atuar nos anos 1990, no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo. Uma das ações promovidas foi abrir as comunidades do bairro a visitas de escolas particulares. A iniciativa teve grande resultado ao mudar a percepção de diversas pessoas da comunidade sobre elas próprias. Quando os moradores recebiam a garotada de classe média e alta no início, sentiam-se intimidados, buscando agradar os visitantes. Com o tempo, conta DJ Bola, elas se soltaram, e aquilo virou uma maneira de se sentirem empoderados, na posição de alguém que tem algo a ensinar aos outros sobre sua realidade. A ideia por trás desses passeios que A Banca oferece para escolas particulares é derrubar os muros sociais que dividem a cidade, mostrando para ambos os lados que existe todo um mundo fora de suas bolhas. [Leonardo de Escudeiro]
A integração com o ambiente como aumento de produtividade na indústria
O arquiteto Marcelo Pontes apresentou seu trabalho na nova unidade da Metal 2, fábrica de autopeças em Mogi-Mirim, interior de São Paulo. Por mais dura que soe a natureza dessa indústria, ele teve liberdade para implementar conceitos de sustentabilidade no projeto. Foram colocados dois jardins, a ventilação e a luz natural são responsáveis por boa parte do conforto térmico e a iluminação da planta e a vegetação ajuda na acústica. Tudo isso com uma grande parede de vidro que permite a todos trabalharem olhando a paisagem da cidade. “Com a indústria é fácil mostrar os resultados. Eles têm como perceber o resultado nos custos e na produtividade dos funcionários, e os resultados que me passaram foram muito positivos”, comenta. [Ubiratan Leal]
Como os robôs ajudarão em diagnósticos médicos
Em 2013, a Project Company, uma empresa baseada em Maringá (PR), desenvolveu o primeiro robô de telepresença a “trabalhar” em um hospital brasileiro, o R1T1. Após três anos e já com seis robôs espalhados em atividade pelo Brasil, a companhia agora vislumbra um futuro em que seu robô possa ser um grande parceiro para ajudar médicos em diagnósticos. Por ora, as principais atividades do robô são telepresença aplicada em tratamento de autismo, terapia para pessoas internada ou auxílio em cirurgias. “A tecnologia ainda está em desenvolvimento. Porém, com o uso da câmera de nosso robô, já conseguimos saber a frequência cardíaca através da análise da pupila, sua respiração e até como você está se sentindo”, disse segundo Antonio Henrique Dianin. Em um segundo momento, a ideia é que o robô possa interagir com os pacientes usando inteligência artificial para coletar dados sobre eles e, assim, já facilitar o processo médico. [Guilherme Tagiaroli]
Obs.: veja mais sobre essa palestra neste domingo, no Gizmodo
O que as ocupações das escolas têm para nos ensinar
A ocupação das escolas públicas teve força no ano passado pela reorganização escolar promovida pelo governo de São Paulo e se repetiu neste ano por causa do escândalo das merendas. Essa prática serviu não apenas para os alunos mostrarem a força de sua relação com a escola, mas também para que repensassem sua relação com a cidade e, especialmente, o Estado. Foi a observação apontada pelas palestrantes Cínthia Rodrigues e Sophia Noronha, da mesa “O que as ocupações das escolas têm para nos ensinar”. Segundo elas, que acompanharam de perto as ocupações, a situação em que os estudantes foram colocados os fez questionar por que o Estado era assim e por que era esse o tratamento que recebiam. Indagações que ajudarão a formar a identidade desses jovens, mas que servem de provocação também para o resto da população. [LE]
Como um dos trabalhos de Hércules explica o legado olímpico do Rio
A mitologia grega se notabiliza pela capacidade de criar cenários que funcionam como metáfora para diversas situações, até as mais modernas. Kátia Rubio, psicóloga do esporte, professora na Escola de Educação Física da USP e uma das principais especialistas em esporte olímpico no Brasil, mostrou como os 12 trabalhos de Hércules, saga que o herói teve de enfrentar para se redimir da morte de seus filhos em um momento de loutura, mostram a trajetória do atleta olímpico. Uma delas, no entanto, diz muito sobre a organização da edição 2016 dos Jogos, programada para o Rio de Janeiro. Uma das tarefas de Hércules era vencer o Touro de Creta. O animal havia sido prometido a Poseidon como sacrifício, mas Minos não o entregou. O deus dos mares fez o touro se tornar furioso e se voltou contra Minos ao ter relações com sua mulher (o fruto da relação foi o Minotauro). No caso do Rio-2016, o eventual não cumprimento da promessa de um legado positivo para a cidade pode se transformar em um animal selvagem e furioso, com chances de se voltar contra seus responsáveis. [UL]
Obs.: a F451, empresa que edita o Outra Cidade, é parceira de mídia do Festival Path