Virada de ano também é tempo de pensar em como podemos melhorar as cidades e o que podemos fazer juntos pelo lugar onde vivemos. Para fechar 2015 e começar 2016 devidamente, vamos falar das coisas que funcionaram e também daquilo que não deu tão certo assim, do que atrasou e acabou ficando para o ano que vem. Aliás, vamos falar muito sobre o que podemos esperar de 2016 e por isso conversamos com gente engajada nos temas urbanos que marcarão presença nas esquinas, cruzamentos, nos elevadores, nos pontos de ônibus, na pracinha.
O tema do quarto texto sobre projeções para 2016 é economia colaborativa nos grandes centros urbanos. Batemos um papo com Flavio Azevedo, cordenador do projeto Cidade Colaborativa, que mapeou iniciativas na capital paulista. Flávio é carioca e vive entre o Rio de Janeiro e São Paulo, onde trabalha como diretor de planejamento na Global Intelligence Group.
O Guia São Paulo Cidade Colaborativa avalia que a economia colaborativa em São Paulo avançou nos setores de cultura, mobilidade, ONGs e poder público. Quais são os setores que possuem mais potencial de crescimento em 2016?
Não temos ainda um monitoramento numérico para 2016, mas acreditamos que a crise econômica pode acelerar setores que oferecem soluções inovadoras e econômicas, como trabalho, alimentação, moradia e mobilidade. Essas foram áreas que aceleraram nos Estados Unidos e na Europa durante a crise financeira de 2008 e o mesmo deve acontecer no Brasil. Um dos mais interessantes coworkings holandeses informa com orgulho em seu site que a empresa foi fundada no dia em que o banco Lehman Brothers quebrou.
No guia também estão listados o Airbnb e o Uber, grandes empresas que dizem atuar em nome de interesses colaborativos. Você acredita que as plataformas de compartilhamento de bens e serviços tendem a se tornar maiores e mais centralizadas ou atender à demandas pontuais na forma de pequenas iniciativas?
O tamanho da iniciativa ou o fato de ser gratuita, patrocinada ou objetivar lucro não determina se ela é ou não colaborativa. Como na economia tradicional, acreditamos que haverá espaço para grandes empresas, com diferentes modelos de remuneração. Provavelmente veremos ciclos, onde a transformação das iniciativas vai sempre buscar oferecer mais vantagens com menores custos para os usuários, aumentando a competitividade.
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O que você espera para 2016 em relação à regulação de bens e serviços compartilhados?
No mundo inteiro, assistimos aos líderes da economia compartilhada repetirem um mantra: “inovar primeiro, regular depois”. Essa tem sido a dinâmica neste setor. Mas também é a lógica da inovação científica nos últimos séculos. Inventores inventam, governos regulam. Em 2016, devemos testemunhar um debate cada vez mais intenso entre empreendedores, sociedade civil e governos. No final, acredito que vai prevalecer a vantagem maior para a sociedade, mas veremos muitas polêmicas.
Como você avalia que foi o ano de 2015 para economia colaborativa?
Mesmo sem a existência de um histórico, acreditamos que a economia colaborativa cresceu dois dígitos em 2015. Como cresceu o segmento de TI no Brasil. Setores inovadores são menos afetados pelas crises e muitas vezes são turbinados por elas.
Qual é o impacto da economia criativa na cidade de São Paulo?
Muitos dizem que a economia brasileira foi paralisada pela crise. Impossível negar que alguns setores foram muito afetados, mas numa pesquisa rápida se percebe que a economia colaborativa cresceu em quantidade e qualidade em 2015. Vimos a chegada de iniciativas globais interessantes como o compartilhamento de caronas intermunicipais BlaBlaCar. A CVM autorizou o primeiro crowdfunding do mercado imobiliário brasileiro. Um grande banco patrocinou o lançamento de um coworking para startups em São Paulo. Em 2016, acreditamos que a colaboração vai seguir injetando uma cultura inovadora, competitiva e otimista no Brasil e na capital paulista.