O que é? Enquanto ia do trabalho para a casa você já se perguntou se faria alguma diferença para o trânsito se você deixasse o seu carro em casa e usasse o transporte público? Ou, quem sabe, desencostasse a sua bicicleta? A ANTP (Associação Nacional de Transportes Público) desenvolveu uma ferramenta para estimar o impacto ambiental que a troca de modais pode causar em cada cidade brasileira com mais de 60 mil habitantes. Aqui você encontra algumas simulações que fizemos para testar algumas possibilidades.
Exercitando o “e se?”
O compartilhamento da malha viária entre os diferente modais é uma tendência nas grandes cidades. Claro que nem todo mundo tem a opção de deixar o carro em casa, condições físicas de sair pedalando no trânsito ou o privilégio de morar a uma caminhada de distância do trabalho ou da escola, mas já está acontecendo por aqui. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo, que indica a queda de 56 para 45% do número de pessoas que usam o carro todos ou quase todos os dias na maior cidade do Brasil entre 2014 e 2015. O que isso significa em termos de impacto ambiental?
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Mudanças significativas na distribuição dos diferentes modais é algo que já está acontecendo em algumas cidades e sendo incentivado em outras. Para medir o quanto esses novos padrões de mobilidade afetam o meio ambiente, a ANTP criou uma ferramenta que mede o resultado da mudança de hábitos de locomoção em termos de redução ou aumento na emissão de poluentes e gases de efeito estufa. Também são calculados o consumo de tempo, energia e espaço físico.
A conta é feita usando como referência cinco faixas diferentes de população, além das características de “mobilidade típica” como quantidade de viagens por modo, tempos e distâncias médias são estimados pelo Sistema de Informações da Mobilidade Urbana. Esses números são multiplicados pelos parâmetros de emissão de poluentes e gasto de energia para calcular o impacto ambiental da troca de modais.
A ocupação de espaço viário é calculado em m² por passageiro e uma pessoa no ônibus, por exemplo, equivale a ocupação de 2,2 m². O consumo de energia é medido em gramas equivalentes de petróleo e a quantidade de poluentes emitidos em gramas de CO² por quilômetro. Os impactos podem ser calculados para trocas de modais entre automóveis, motocicletas, bicicletas, ônibus e a pé.
Segundo a ANTP, na maioria das cidades o uso de cada modal é sempre maior que 5% e inferior a 50%. No entanto, de acordo com a pesquisa da Rede Nossa São Paulo, apenas 3% dos paulistanos utilizam a bicicleta diariamente para se locomover. Vale lembrar que o simulador oferece dados sobre o potencial impacto ambiental da mudança de hábitos de locomoção, ou seja, estima a ordem de grandeza resultante e serve apenas de referência, não para definição técnica de projetos.
Para dar uma ideia do quanto a redução do número de automóveis circulando impacta no meio ambiente, simulamos se 15% dos motoristas deixassem seu veículo um casa e adotassem ou modal.
Ares de mudança
Segundo pesquisa realizada pela Univesidade de São Paulo, 63% dos poluentes do ar da capital paulistana é emitida pelos carros, motos, caminhões e ônibus. Deixar o carro em casa pode parecer um esforço individual isolado sem consequências significativas, mas ver o potencial de redução do impacto causado pelos deslocamentos se parcela significativa da população adotar meios de transporte mais sustentáveis é um bom jeito de incentivar mais gente a mudar seus hábitos de locomoção. Mesmo considerando as margens de erro, fazer o trânsito ficar mais fluído, melhor distribuído e menos poluído parece valer a pena.