Fazer dos centros urbanos lugares mais saudáveis, onde as pessoas se sintam estimuladas a se deslocar pedalando ou caminhando, com espaços públicos de qualidade que possam abrigar atividades físicas. O Cidade Ativa foi criado com esse objetivo, e encara a melhoria das condições e desenhos das escadarias públicas, das calçadas, da malha cicloviária e das áreas comuns como potenciais medidas de prevenção ao aumento dos índices de obesidade e outras doenças.
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O grupo existe há mais de dois anos e está realizando um levantamento das organizações que promovem a mobilidade a pé. O Como Anda tem como objetivo reunir dados sobre quem são as pessoas envolvidas e qual a dimensão do ativismo pró-caminhada. O formulário para as organizações se inscreverem foi lançado em abril e deve continuar assim por mais um ou dois meses. Quem quiser ver os resultados parciais pode consultar o site da iniciativa, que até o momento tem 50 cadastrados, 58% deles em São Paulo. O mapeamento é resultado de uma parceria com o Corrida Amiga e têm apoio Instituto Clima e Sociedade (iCS).
O Cidade Ativa, que já realizou pesquisas sobre as escadarias do Jardim Ângela e a avenida Paulista sem carros aos domingos, também deu cara nova e propôs atividades na escadaria Alves Guimarães, na zona oeste de São Paulo. Gabriela Callejas, arquiteta do grupo, conta que o levantamento do Como Anda será usado como base para definir as próximas atividades, que devem ser focadas na mobilidade a pé. “A gente tem isso no nosso DNA, pois uma das primeiras iniciativas que fizemos foi o Safári Urbano, ou seja, aplicamos e adaptamos a análise das calçadas conforme os princípios do Active Design desenvolvidos em Nova York, onde eu tive contato com esses procedimentos de pesquisa”, relembra.
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Gabriela conta que uma das particularidades encontradas nas calçadas paulistanas foi a presença constante de muros separando as propriedades das áreas de pedestres, tornando os caminhos pouco atrativos para andar a pé. O Safári Urbano é um dos métodos usados pelo grupo para levantar dados sobre calçadas e seus usos ativos, combina referências de desenho urbano de cidades que favorecem a mobilidade ativa no exterior e informações coletadas localmente para fazer suas análises.
Ainda assim, a mudança no desenho e na infraestrutura das cidades não é tudo, admite Gabriela. “A mudança cultural também é importante, além da transformação física – por meio da disseminação de conhecimento e informações sobre o transporte ativo para adultos e abordagens educativas para as crianças”, ressalta.
O Cidade Ativa acredita que dá um empurrãozinho para mudar a forma como as pessoas encaram suas escolhas de transporte. “Quando descobriram que o cigarro faz mal à saúde, foi preciso encontrar uma maneira para que todos tivessem acesso a esse tipo de informação. É preciso disseminar que a escolha do carro como meio de locomoção também tem um impacto”, exemplifica.
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Gabriela pretende falar sobre os princípios do Active Design e apresentar dados sobre o contexto brasileiro no Festival Path, para discutir suas aplicações nas cidades daqui. A arquiteta discutirá possibilidades de estilos de vida mais ativos nas cidades ao lado de Rafaella Basile, que também é formada em arquitetura e membro do Cidade Ativa. O Festival Path ocorre entre 14 e 15 de maio em diversos pontos da região do bairro de Pinheiros, em São Paulo. Os ingressos variam de R$ 40 (um dia de shows) a R$ 249 (pacote completo com palestras e shows) e podem ser comprados diretamente no site. A F451, empresa que publica o Outra Cidade, a Trivela, o Risca Faca e o Extratime, é parceira de mídia do evento.
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