O bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, recebeu neste final de semana, nos dias 06 e 07 de maio, a quinta edição do Festival Path, um evento de inovação e criatividade que conta com diversas atrações e atividades bem ecléticas. Nós, do Outra Cidade, estivemos presentes em ambos os dias assistindo a uma série de palestras e shows que agitaram o que a organização chamou de Cidade Path – uma mistura de ocupação do espaço público e privado, distribuída em sete locais diferentes, entre eles a Praça do Omaguás, o Instituto Tomie Ohtake e o museu A Casa.

Com uma estrutura robusta, que contou com 14 food trucks na Feira Gastronômica, quatro palcos entre suas localidades para a realização de shows, 27 empresas na Feira de Startups e espaços destinados aos filmes, Feira Maker e Feira de Games, o evento ofereceu cerca de 300 horas de conteúdo, divididas em conversas sobre educação, meio ambiente, cidades, empreendedorismo, tecnologia, esporte, moda e outros temas.

Abaixo, reunimos o melhor do que vimos nesses dois dias sobre cidades e inovação – além do clima do festival, a impressão de alguns participantes e dos próprios palestrantes. Confira!

> Tecnologia e desigualdade são temas de palestra no Festival Path

As palestras

O Instituto Tomie Ohtake, com diversas salas, recebeu a maioria das palestras. Outras foram realizadas em locais próximos dali: Fnac, Centro Cultural Rio Verde, museu A Casa e Teatro Cultura Inglesa.

Instituto Tomie Ohtake foi sede da maioria das palestras

De forma geral, o público aprovou também os conteúdos que foram exposto. Os comentários pelos corredores e ruas da Cidade Path eram de pessoas satisfeitas e estimuladas a quererem conhecer novos tema. De fato, a identidade do Festival se consolidou: palestras de diferentes assuntos, para diferentes públicos e utilizando diferentes formatos. Mérito da organização.

“Eu comprei o Festival Path pensando nas palestras que envolviam cidades e empreendedorismo. Mas, cheguei aqui e já assisti bate-papos sobre agricultura, inclusão e influenciadores. Isso é incrível e os conteúdos estão muito bons mesmo”, afirma Carla Cavalcante, participante do Path 2017.

Entre as dificuldades, a palestrante Mariana Nobre, pesquisadora de novos cenários culturais, apontou o desafio de falar em apenas uma hora temas como o de sua palestra “A Nova Casa é a Rua”.

Mariana Nobre, ao centro, na palestra “A Nova Casa é a Rua”

Presenciamos diversas palestras, mas algumas realmente nos chamaram a atenção. Como no caso da conversa de Nano Empreendedorismo. Anna Paola e Hugo Kovac, ambos do Projeto Abacaxi, levaram Zé Carlos, dono de uma padaria artesanal no Capão Redondo, a Sustenta Capão, para contar como é empreender em um local de vulnerabilidade. Doze milhões de pessoas moram em favelas, cinco milhões querem ter o seu próprio negócio e três milhões querem fazer isso dentro da comunidade, mas é muito difícil atingir este objetivo sem o ferramental, a educação e a instrução. E é nessa área que o Projeto Abacaxi atua. Eles oferecem acompanhamento semanal e direcionado para cada pessoa em quatro pilares: financeiro, marketing, jurídico e psicológico. Dessa maneira, é possível ter casos de sucesso, como o de Zé Carlos.

Já a palestra de ressignificação dos espaços públicos contou com a presença de Patrícia Byington, do Instituto AES, de Raiana Ribeiro, do Programa Cidades Educadoras, e de Elcio Torres, do projeto Azulejo Azul. Os três mostraram em diferentes áreas (agricultura urbana, educação e novos cenários nas favelas) que é possível levar as pessoas para os espaços públicos e dar outros significados para algo já existente. Por exemplo, na educação, levar as crianças para aprender com as cidades e criar o senso de pertencimento por meio de intervenções urbanas.

Patrícia Byington, Raiana Ribeiro, e Elcio Torres, da direita para a esquerda

Por fim, a conversa sobre a nova casa é a rua, com a pesquisadora Mariana Nobre, a arquiteta Polise de Marchi e o ativista Rodrigo Guima foi muito esclarecedora. De fato, começamos a ocupar as ruas quando conseguimos nos emancipar dos fios (o wi-fi e a internet no celular no proporcionou isso). Levamos para o espaço público o pensamento do digital: as ruas podem e devem ser compartilhadas. Hoje em dia, essa ocupação passa a tomar forma com as manifestações, o Carnaval e os eventos ao ar livre, deixando latente essa sensação de pertencimento. Não há mais volta, a rua é de todos.

O clima da “Cidade Path”

A ideia por trás do conceito de Cidade Path funcionou novamente e foi responsável por dar todo um charme ao evento e criar um senso de comunidade em meio ao bairro de Pinheiros. Ao aproximar-se dos locais escolhidos para compor o circuito de filmes, palestras e shows, a sensação era a de entrar em uma realidade diferente. A grande parte das pessoas estava com a credencial no pescoço, as conversas eram relacionadas ao festival e havia uma troca de experiências, ideias, informações – e cartões de visitas – entre o público. Nas feiras de Startup, Maker e de Games isso era ainda mais presente. Assim como nas Rodadas de Negócios, Speed Dating e nos momentos de happy hour e networking.

> O que separamos sobre cidades e inovação no Festival Path 2017

Outro ponto que nos chamou a atenção foi como o Festival em si estava mais inclusivo. Neste ano, os ingressos chegaram a ser R$50,00 mais baratos, em comparação à edição de 2016. Além disso, os filmes que foram exibidos, em parceria com a VICE, tiveram acesso livre e gratuito para pessoas credenciadas ou não ao evento.

Feira de Startups na cobertura do Instituto Tomie Ohtake

Nas áreas destinadas aos shows e aos food trucks, essa inclusão era ainda maior. Mesmo quem estava apenas passando por ali, sem saber do festival, aproveitou para conferir as apresentações nos palcos montados em duas praças, Professor Resende Puech e do Omaguás, abertos ao público e também gratuitos.

Já no Palco Kit Kat, localizado no Centro Cultural Rio Verde, a mecânica era diferentes. Os ingressos eram vendidos a partir das 20h, na porta, por quanto cada comprador achava que valia. Isso mesmo, dessa forma as pessoas que não estavam credenciadas ao evento, também tinham acesso.

Essa opção de abrir para as pessoas que não necessariamente estavam lá para conferir as palestras trouxe um atrativo a mais ao evento. As apresentações foram diversas: desde bandas e Djs iniciantes até atrações relevantes para a cena musical brasileira, como O Terno Rei.

 

Grupo Sax in the Beats em show na Praça Professor Resende Puech

Gostou? Quem sabe não nos encontramos no próximo Festival Path.