Amsterdã recebe 17 milhões de estrangeiros todos os anos, sendo que apenas metade deles o faz pela primeira vez. Em março, as autoridades locais lançaram uma campanha para estimular os turistas que já conhecem a capital holandesa a buscarem as regiões menos populares da cidade, fora do centro. Para incentivar visitantes a irem além do Bairro da Luz Vermelha, da casa de Anne Frank e dos coffee shops (vocês sabem do que estamos falando), foram promovidas visitas em outros 11 bairros. O motivo: aliviar a pressão de ser o destino de um número cada vez maior de pessoas.

A câmara municipal está buscando novas medidas para controlar o número de visitas em Amsterdã. Bares e lojas para turistas estariam expulsando o comércio tradicional, e os vereadores do partido social-democrata (oposição ao prefeito, mas têm maioria na câmara) acreditam que o turismo está começando a prejudicar a cidade.

Uma das propostas visa limitar os aluguéis temporários, como foi feito em Barcelona. A capital catalã intensificou a fiscalização contra apartamentos que não possuíam o registro atestando condições seguras de moradia, seguro aluguel especial e que uma parte de toda renda obtida com o imóvel era recolhida pelo governo. Vizinhos chegaram a se organizar para protestar contra os excessos dos turistas em 2014.

Atualmente, os proprietários podem alugar seus imóveis por 60 dias ao ano, mas os sociais-democratas querem reduzir esse período pela metade. Outra atitude tomada para combater os efeitos negativos da atratividade turística de Amsterdã são os vetos aos festivais. Das 300 solicitações recebidas para eventos desse tipo, 160 foram aprovadas pelo município em 2015. Curiosamente, o mesmo partido social-democrata que hoje faz oposição à atual administração municipal promoveu a cidade como local ideal para as pessoas se reunirem quando esteve à frente da prefeitura, há sete anos.

A previsão é que, até 2025, o número de visitantes chegue a 30 milhões por ano, o que acelera a corrida por meios de impedir que a cidade se reduza a um destino turístico. Receber muitos turistas é, ao mesmo tempo, uma qualidade e um problema para a capital holandesa e seus 800 mil habitantes. Diminui o número de imóveis disponíveis para residentes locais, desloca o comércio local e faz com que a mancha urbana se pareça cada vez mais com um parque de diversões, mas traz recursos substanciais e favorece a diversidade característica de cidades dinâmicas e funcionais. Não será fácil gerenciar os aspectos predatórios de atrair tanta gente para evitar que eles expulsem as pessoas que vivem lá.