O que é?  A Universidade de Washington está testando um aplicativo que permite calcular a quantidade de pessoas no transporte público com base na detecção de celulares com a busca por sinal Wi-Fi ativada dentro dos veículos. A ideia é criar uma maneira mais prática e precisa de levantar dados sobre a origem e o destino dos usuários do transporte público.

Uma alternativa para calcular a demanda por transporte

Na multidão de gente que usa o transporte público todos os dias, a posse de um aparelho celular é talvez a única coisa que quase todas as pessoas têm em comum. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Washington desenvolveram uma ferramenta que permite usar o Wi-Fi para outros fins além de entreter o passageiro durante o trajeto.

A ideia é usar os sinais de Wi-Fi e bluetooth dos telefones móveis dos usuários do transporte público para coletar dados sobre onde eles embarcam e desembarcam, quantas pessoas usam determinado ponto de parada e quanto tempo esperam por uma integração com outro ônibus. O sistema pode ajudar as  concessionárias do serviço a ter informações confiáveis em tempo real para melhorar a oferta de veículos.

VEJA MAIS:  Semáforos que dão preferência a ônibus e pedestres? Boa, Curitiba

As empresas que operam o transporte público normalmente têm à disposição dados coletados nas catracas, pesquisas com passageiros e contagens de pessoas, que oferecem informações parciais sobre o uso que elas fazem do sistema. Dessa maneira, fica difícil avaliar se o serviço oferecido satisfaz as necessidades dos passageiros. O Metrô de São Paulo em conjunto com a CPTM, a EMTU, a SPTrans e a CET, por exemplo, realiza levantamentos sobre origem e destino apenas uma vez a cada dez anos.

Os engenheiros de Washington desenvolveram um aplicativo que detecta o controle de acesso ao meio (MAC), um identificador único de cada celular apto a se conectar à rede, conforme a pessoa que o carrega embarca e desembarca. O sistema coleta a localização e o horário no qual cada MAC foi reconhecido preservando a privacidade do passageiro e tem um custo estimado de US$ 60 por ônibus.

Atualmente, a tecnologia está sendo usada para fazer um levantamento do tempo que cada veículo leva para percorrer sua linha. Este é o início de uma série de testes para estudar as suas possibilidades de uso. Para saber qual a precisão dos dados coletados sobre o número de passageiros, o sistema foi instalado nos ônibus do serviço de transporte da própria universidade em maio de 2015.

washington-Bus-WiFi-map

Mapa mostra os registros coletados em um dos veículos que participaram dos testes (Divulgação)

Uma das preocupações dos desenvolvedores da tecnologia é que os passageiros precisam estar com o Wi-Fi de seus celulares ativados ou com o bluetooth no modo descoberta para que sua presença seja percebida pelo sistema – o que torna uma parte deles indetectáveis. Outro problema é garantir que pessoas que estejam portando seus dispositivos próximos ao veículo, mas que não estão nele, não sejam confundidas com usuários do transporte público.

Os sensores inicialmente registraram mais de 20 mil entradas únicas de dispositivos móveis durante o período de teste no ano passado. Depois de filtrar os sinais muito longos ou muito curtos, o resultado foi uma amostra de 2.800 identificadores que seriam correspondentes às informações coletadas dos passageiros.  O número final é bem próximo da contagem feita por pesquisadores espalhados pelos pontos de ônibus e dentro dos veículos.

LEIA TAMBÉM: Fotógrafa publica livro com registros de seu trajeto de ônibus

Yinhai Wang, professor de engenharia civil e ambiental da Universidade de Washington e diretor  da Pacific Northwest Transportation Consortium, acredita que o sistema pode ser particularmente útil para garantir que a oferta de transporte seja suficiente durante grandes eventos. A ferramenta também ajuda a identificar em quais horários é preciso colocar ônibus maiores ou mais veículos em determinadas linhas para aumentar a eficiência do serviço. O professor explica que o sistema funciona em um celular que pode enviar informações para análise em tempo real usando um plano de dados comum ou armazena-las para exame posterior, ou seja, o veículo não precisa ser um hotspot Wi-Fi, embora isso estimule mais passageiros a ativarem a busca por conexão em seus aparelhos.