Daniel Bacchieri começou a registrar músicos de rua em uma conta no Instagram e não demorou muito para amigos também começarem a enviar vídeos que eles mesmos fizeram. “É um projeto pessoal que felizmente vem me tomando cada vez mais tempo”, conta. O mosaico de artistas urbanos do  StreetMusicMap atualmente reúne imagens de artistas de 300 cidades de 82 países diferentes. E essa é só uma parte do material que o jornalista, que atualmente vive em São Paulo, recebeu.

Uma triagem é feita para garantir que um mesmo artista não apareça repetidamente na página. Por outro lado, quando percebeu que ainda não tinha recebido nada sobre artistas da África e da Ásia, Daniel foi em busca de material que pudesse reutilizar. O StreetMusicMap também conta com um mapa onde é os artistas podem ser encontrados artistas a partir da localização da apresentação registrada. Quem quiser contribuir pode postar usando a hashtag #streetmusicmap ou enviar para video@streetmusicmap.com.

streetmusicmap

Daniel filmando para o StreetMusicMap em Austin, nos Estados Unidos (Carla Mayumi/Divulgação)

“Trilha de Amélie Poulain, por exemplo, é um negócio que tem no mundo todo”, conta. O jornalista lançou recentemente uma coletânea com músicas autorais de artistas de rua. O álbum foi gravado no Largo do Arouche, na região central de São Paulo, durante o festival O.bra, um evento internacional de arte urbana criado pelo Instagrafite. O disco pode ser encontrado no Spotify, Google Play, Tidal e iTunes.

“Tocar na rua é como ser um músico comum, não tem nada de diferente”, diz Bruno Kioshi, percursionista da Kick Bucket, uma bandas que estão presentes no álbum. A banda de jazz começou também na rua, quando o saxofonista Thiago Kim encontrou Bruno tocando sozinho e os dois fizeram uma improvisação. Bruno conta que já tinha experiência se apresentando em outros lugares, mas também ficou tenso na sua estreia nas ruas.

LEIA MAIS: Site apresenta os artistas que fazem a trilha sonora das ruas de São Paulo

Quando Bruno começou a tocar nas vias de São Paulo, ainda não havia regulamentação para os artistas de rua e muitos foram abordados pela Operação Delegada, apesar de seu foco ter sido a fiscalização do comércio ambulante. Depois que os artistas urbanos se manifestaram contra as limitações, foi promulgada uma primeira tentativa de regular a atividade, mas era muito rígida. Essa versão do texto foi também revogada e flexibilizada, em 2014. Se por um lado, a lei ficou mais permissiva, em alguns locais – como o metrô – as apresentações foram proibidas. “Não consigo entender porque não tem músicos nas estações de São Paulo. Em Nova York há audições onde os artistas são escolhidos para tocar lá dentro”, diz Daniel.

O reconhecimento dado aos artistas de rua vem da reação espontânea dos passantes que param para ver suas apresentações, mas eles permanecem anônimos mesmo para quem interrompe a caminhada. No StreetMusicMap, há um esforço coletivo para identificar os músicos que aparecem nos vídeos. A mobilização na rede é rápida e eficiente. Uma harpista de Moscou viu o registro de seu trabalho replicado na página e comentou “Ei, sou eu!”.