O que é? Conseguir uma carona para fora da cidade implica em passar um tempo dividindo o carro com o motorista e a viagem pode parecer mais longa, mesmo quando a estrada está livre de congestionamentos ou lentidões. O aplicativo Tripda foi criado para fazer desse momento compartilhado entre passageiro e motorista mais agradável para as duas partes, estimulando mais gente a compartilhar o carro sem precisar ficar com aquele pé atrás.
Encontrando um caminho
Eduardo Prota vivia entre Ribeirão Preto, cidade onde cresceu e São Paulo, onde veio fazer faculdade. Sempre que ia visitar a família no interior, ele tinha que escolher entre bancar o alto custo do combustível gasto na viagem somado aos pedágios ou pegar um ônibus. Ao perceber que muitas pessoas que enfrentavam longas distâncias com frequência optavam por dirigir sozinhas ou acompanhadas de apenas mais um passageiro, ele percebeu que o compartilhamento de carros poderia reduzir até pela metade o número de veículos circulando.
Depois de passar uma temporada fora do país, ele e seu parceiro Pedro Meduna começaram a colocar em prática o plano de fazer um aplicativo que facilitasse a vida de quem precisava cair na estrada e queria pegar ou oferecer uma carona. Com a ajuda da Rocket Internet, uma aceleradora de startups alemã, eles conseguiram levantar US$ 11 milhões com investidores americanos e lançar o Tripda. O resultado foi tão bom que o aplicativo lançado em maio de 2014 já está disponível para usuários de 13 países, a maioria na América Latina e Ásia.
O sistema foi pensado para ser usado por quem viaja longas distâncias, mas também é usado para trajetos curtos. Pelo aplicativo, o motorista que oferece a carona escolhe um ponto de partida, um destino e o valor. Antes disso, ele faz um perfil informando se gosta de conversar, depende do dia ou prefere viajar em silêncio. Outros níveis de tolerância podem ser definidos para fumar, levar animais, comer e ouvir música no carro. O usuário também pode escrever um texto de perfil contando mais sobre suas preferências durante a viagem.
O valor a ser cobrado por passageiro é sugerido logo após o motorista escolher o ponto de partida e chegada da viagem. O cálculo é feito com base na quilometragem e nos pedágios, considerando a lotação máxima do carro informada pelo motorista. Quem oferece a carona pode escolher cobrar menos que o sugerido, mas não pode escolher um valor que ultrapasse muito o cálculo. Para uma viagem do centro de São Paulo até a avenida General Carneiro, em Sorocaba, por exemplo, o preço sugerido é de R$ 13 e o máximo permitido é R$ 23 por pessoa.
A ideia é criar um ponto de encontro para quem deseja dar ou receber uma carona e dividir custos, não gerar lucros para o motorista.
Alexis Gourdol, Diretor de Marketing do Tripda
O aplicativo não recolhe uma taxa sobre o valor da transação entre o motorista e o passageiro, que deve se comprometer a levar o pagamento em dinheiro no dia e horário combinado para a viagem. Segundo Alexis, a pequena equipe do Tripda está discutindo formas de monetizar o aplicativo, mas, por enquanto, isso não está entre as prioridades.
Uma ação de promoção do aplicativo foi realizada na Universidade Federal do ABC para incentivar pessoas que faziam o mesmo caminho até lá a compartilharem seus carros. Hoje ainda há alunos dos campi de São Bernardo e Santo André que atuam como embaixadores do Tripda entre os universitários.
Outra opção disponível para mulheres é escolher é restringir a oferta de carona apenas para outras mulheres. Um dos motivos que levaram o serviço a oferecer essa alternativa foram os pedidos recebidos de usuárias do serviço que preferiam não viajar com homens no carro.
Para que os passageiros se sintam mais seguros ao pegar uma carona, o Tripda só permite cadastro usando a conta do Facebook, verifica a conta de email do usuário e incorpora avaliações recebidas pelo motorista em outros sites, como, por exemplo, o Mercado Livre.
Depois de chegar ao seu destino, é possível avaliar o motorista, indicando-o para outros usuários. Segundo o diretor de marketing, as avaliações são um espaço aberto para ser auto-regulado pelos próprios passageiros. A equipe do Tripda entra em ação apenas quando a reclamação é grave.
Uma atualização que está em desenvolvimento é um sistema de avaliação anônima, voltada principalmente para que usuários possam classificar os motoristas que cancelam a viagem ofertada.
Um passageiro a mais, um gasto a menos
Se o trajeto é longo e o motorista vai tirar o carro da garagem de qualquer maneira, é melhor que o veículo viaje cheio. Mesmo que a lotação máxima não seja atingida e o valor total não seja igualmente dividido entre as partes, ainda sai mais barato que bancar a viagem inteira sozinho. Diminuir as possibilidades de se ter uma experiência ruim de carona é um passo importante para que mais pessoas se disponham a oferecer lugares que ficariam vagos para um companheiro de viagem que até então era um estranho, percebendo que compartilhar esse tempo na estrada não precisa ser necessariamente um incômodo.