O que é? Metrópoles brigam pelo orgulho de ser casa do edifício mais alto do mundo. Mas Basra, no sul do Iraque, quer colocar esse debate em outro patamar. A cidade apresentou o projeto do Bride of the Gulf, um edifício de 230 andares e mais de 1 km de altura como o primeiro passo para uma cidade vertical.
Para o alto, e avante
O Iraque existe, o Iraque está melhor, o Iraque quer ser grande, o Iraque pode. O projeto do Bride of the Gulf (“Noiva do Golfo”, em português) não tem nenhum desses lemas, mas sua própria existência passa todas essas mensagens. O fato de Basra, cidade de 3 milhões de habitantes perto da fronteira com o Kuwait, se lançar na corrida pelo edifício mais alto do mundo é um grande grito de afirmação. Até porque ele pretende mudar o foco dessa discussão.
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A lista histórica de edificações mais altas do planeta sempre se mediu por metros. Valia apenas a distância entre o chão e o topo, mesmo que fosse preciso colocar uma antena no topo só para ganhar alguns metros no ranking. Foi assim com o Empire State em Nova York (também um símbolo de afirmação após a economia norte-americana quebrar em 1929), a Sears Tower de Chicago, as Petronas Towers de Kuala Lumpur (Malásia), o Taipei 101 de Taipé (Taiwan), o Burj Khalifa de Dubai (Emirados Árabes, atual dono desse título) e a Kingdom Tower de Jeddah (Arábia Saudita, ainda em obras). A Bride of the Gulf tem outra proposta. Mais que um arranha-céu enorme, ela se propõe como uma cidade vertical.
O escritório anglo-iraquiano ABMS previu a construção de quatro torres de alturas variadas, que se interligam de forma a criar suas estruturas próprias. Não seriam apenas escritórios e hotéis, mas residências, escolas, clínicas, sistemas de transportes e até bairros. Essa distribuição daria autossuficiência de serviços ao complexo. Segundo Marcos De Andres, um dos arquitetos envolvidos no projeto, outra vantagem é a segurança: um ou dois arranha-céu isolados têm menos rotas de escape no caso de algum problema mais sério, como ocorreu com o World Trade Center em 2001.
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A base do Bride of the Gulf também é importante. A partir da metade das torres mais altas, desce uma cobertura que funciona como véu (o que ajuda a justificar o nome do edifício, que pega emprestado o apelido de Basra) e serve de abrigo para um bairro inteiro que se instalaria nos pés da noiva. Tudo isso seria autossustentável energeticamente, provavelmente com aproveitamento da luz do sol (um edifício desse tamanho no Oriente Médio tem alto potencial de gerar energia solar).
O vídeo acima dá uma visão geral do complexo, mas não tem tantas informações técnicas sobre como funcionaria o conceito de cidade vertical. Um motivo para isso é que o projeto ainda está em fase bastante preliminar. Não há um local determinado para sua construção, muito menos um prazo de início e conclusão. Sabe-se que, se o Bride sair do papel, a obra seria financiada pelo governo iraquiano.
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Soa estranho ver um projeto desse porte sair do Iraque, mas Basra vive um momento muito diferente de outras áreas. Distante das regiões de conflitos e mais tensões do país, a segunda maior cidade iraquiana tem rápido desenvolvimento econômico, em um contexto que se assemelha mais ao Kuwait do que com Bagdá ou o norte do país, que sofre com a ameaça do Estado Islâmico. Esse crescimento até motivou um movimento por mais autonomia política.
A construção do Basra Sports City, estádio para 65 mil espectadores inaugurado em 2013, foi um símbolo de como a metrópole está otimista. Ter a primeira cidade vertical do mundo a colocaria em outro patamar no cenário internacional.