O que é? A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Cidade do México apresentou na última semana os primeiros protótipos do Tuep, o Transporte Urbano Elevado Personalizado. Trata-se de um teleférico horizontal, desenvolvido como opção de transporte para ajudar a aliviar o trânsito da capital mexicana.
Por cima de todos
Teleféricos já ganharam espaço como opção de transporte público na América Latina. Os colombianos utilizaram a tecnologia para facilitar a população de bairros carentes localizados em morros a subir e descer com conforto e rapidez. Não demorou para o Rio de Janeiro adotar a mesma solução em algumas de suas comunidades. Na última semana, foi a vez de os mexicanos apresentarem um sistema. Mas com uma diferença: a ideia é que ele realmente se espalhe como uma alternativa de deslocamento de massa na Cidade do México.
O Tuep (Transporte Urbano Elevado Personalizado) consiste em várias cabines com capacidade para duas pessoas que circulam por trilhos aéreos sustentados por postes posicionados a 12, 24 ou 37 metros de distância um do outro. Toda a estrutura seria metálica, permitindo uma construção mais rápida e menos impacto nos corredores sobre os quais as linhas passariam.
INOVAÇÃO URBANA:
– Cidade inglesa aposta em minicarro sem motorista para o centro
– O supertrânsito de Pequim pode criar o futuro como se via no século 20
Os passageiros subiriam para estações, onde embarcariam em uma cabine e já definiriam seu destino. A partir daí, todo o trajeto, inclusive a mudança de linha, seria feito automaticamente. A velocidade de deslocamento seria de 15 km/h, quase o dobro da velocidade média dos automóveis da capital mexicana na hora do rush. O vídeo abaixo mostra bem o sistema em funcionamento.
De acordo com a Tuep S/A, empresa de capital misto responsável por desenvolver a tecnologia, a vantagem do sistema de teleférico é que os veículos já ocupados não são obrigados a parar em cada estação para o embarque e desembarque de novos passageiros. Além disso, ele não precisaria atender a áreas muito adensadas para se justificar economicamente, como o metrô.
Uma linha de 15 km teria capacidade de transportar cerca de 550 mil pessoas por dia. O custo por quilômetro de construção ficaria em uma faixa entre US$ 9 e 19 milhões, cerca de 5 a 50% do metrô. A manutenção seria 40% menor que a de linhas de BRTs.
MAIS MÉXICO: Pedestre, e agora, quem poderá te defender?
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Cidade do México apresentou o Tuep como tecnologia já desenvolvida, mas ainda não há previsão de implantação efetiva. “Estudamos algumas rotas, mas não temos nenhum lugar específico para instalar porque as delegações [equivalentes a sub-prefeituras] precisam decidir instalar o Tuep”, comentou Luis Rodolfo Zamorano Morfín, diretor da Tuep S/A.
A ideia parece interessante, mas há algumas questões a se considerar. O Tuep tem capacidade limitada – os veículos trafegariam a 10 metros de distância um do outro – e poderia ficar sobrecarregado na hora do rush. Aumentar a quantidade de carros poderia afetar a fluidez e a segurança do sistema, duas de suas virtudes. Além disso, a limitação de espaço nas cabines obrigaria grupos maiores (por exemplo, um casal com filhos) a se dividir e impediria a integração com bicicleta. Outra questão é o impacto na cidade, pois as estruturas, ainda que metálicas, interfeririam nos bairros pelos quais as linhas passariam.