O que? Desde o final de janeiro, o Distrito Federal mexicano mudou de nome para Ciudad de México. Mais de que apenas uma mudança de nome, trata-se de uma reestruturação administrativa da sexta maior metrópole do mundo e a maior das Américas.
Sem prefeito eleito até 1997
O nome Distrito Federal é forte no dia a dia dos mexicanos. O morador da capital mexicana muitas vezes se refere a sua cidade como DF e é chamado de defeño ou capitalino. O motivo é fácil entender. A Cidade do México está dentro de uma matrioska mexicana, com o município cercado pelo estado México no centro do país México. Usar o nome burocrático da divisão administrativa é mais fácil do que diferenciar um México do outro ou confundir os gentílicos entre mexiqueño (cidade), mexiquense (estado) e mexicano (país). Mas nem isso será possível, pois, desde o final de janeiro, o DF mudou de nome para Ciudad de México.
Pode parecer uma questão menor de nomenclatura que só tornará a situação mais confusa, mas a intenção do governo é alterar a estrutura administrativa dessa metrópole de 21 milhões de habitantes (a maior das Américas, sexta do mundo). A região metropolitana ganha um novo status federativo e suas partes se tornam mais autônomas. Tudo para dar mais agilidade nas decisões de caráter urbano.
Obs.: Tecnicamente, a região metropolitana da Cidade do México cresceu tanto que passou dos limites do DF, chegando a municípios dos estados de México e Hidalgo.
O Distrito Federal foi criado em 1824 para a federação mexicana ter uma sede neutra, que não representasse nenhum estado. Os limites geográficos mudaram ao longo do tempo, mas a gestão sempre ficou por conta do governo central. Atualmente, ele envolve o município México (cerca de 8 milhões de habitantes) e alguns outros no entorno da capital.
O problema é que a máquina nacional era muito pesada para resolver questões de uma cidade, algo que ficou muito claro na demora para tomar decisões após terremoto de setembro de 1985, que matou mais de dez mil pessoas (número não oficial). Apenas em 1987 os capitalinos ganharam o direito de eleger um governante para o DF, equivalente ao prefeito.
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A reforma de 2016 é mais profunda. Agora, o Distrito Federal ganhou o nome oficial de Cidade do México e se torna mais uma unidade dos Estados Unidos Mexicanos (ainda que com o nome de “entidade federal”, não de “estado”). Com isso, passa a ter acesso ao fundo federal para os estados e municípios, além de poder elaborar sua própria constituição estadual e até ter autonomia para se endividar. Mas o mais significativo é que as 16 delegações políticas (semelhante a uma subprefeitura) da capital ganham status de município, com eleição direta para seus governantes.
Ainda é cedo para dizer se essa mudança trará melhoria na gestão municipal, mas dar mais direitos totais aos habitantes da capital faz todo sentido. Algo que não ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos (vídeo em inglês).