Havana é famosa pelos carros antigos, a maioria da década de 1950, que se transformaram em elementos tradicionais da paisagem da cidade a ponto de haver operadoras de turismo especializadas em levar os visitantes para conhecer esses veículos. No dia a dia, porém, a maioria dos cubanos não sai pelas ruas com um Chevrolet BelAir, um Pontiac Boneville ou um Cadillac Eldorado. Um dos principais meios de locomoção na capital de Cuba é a bicicleta, mesmo na hora de ultrapassar obstáculos naturais como a baía de Havana. Nessa hora, é a vez de lançar mão da criatividade.
A travessia da baía só pode ser feita por um túnel. O problema é que a má qualidade do ar dentro dele e a falta de espaço impedem a circulação de bicicletas. Por isso, o governo local criou um sistema de transporte voltado apenas para esses casos: o ciclobus.
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Tratam-se de ônibus adaptados, sem os bancos, para que as pessoas possam embarcar com suas bicicletas ou motos. A possibilidade de combinar os modais faz parte do cotidiano da capital cubana há mais de 20 anos. O vídeo abaixo tem uma reportagem da TV alemã mostrando como funciona esse veículo. Nem é preciso saber alemão para entender, só as imagens já dão conta:
O embarque e desembarque é feito em pontos de ônibus especiais, que contam com rampas de acesso. O Ciclobus leva e traz os passageiros e suas bicicletas ou motos de Havana do Leste até o centro da cidade. A inclusão desses veículos no sistema de transporte público local foi feita em 1992, junto com uma série de outras modificações para atender às necessidades de deslocamento dos habitantes.
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A criação do sistema que integra ônibus com bicicleta não tem nada de políticas urbanas modernas para incentivar o transporte ativo. Trata-se de uma solução buscada pelo cenário econômico da época.
Em 1991, com o fim da União Soviética, os recursos provenientes do petróleo e outros subsídios foram suspensos e o transporte motorizado sofreu uma espécie de congelamento. Para que os cubanos pudessem continuar circulando, o governo importou um milhão bicicletas chinesas, impulsionando a adoção do modal.