A Prefeitura de São Paulo enfim lançou a Zona Azul Digital. O sistema começará a funcionar na próxima segunda (11) e permitirá ao usuário comprar créditos de Zona Azul por um aplicativo. O fiscal da região pode verificar se o veículo estacionado está ativado e só aplica a multa nos que estiverem irregulares. Cada unidade/hora custará R$ 5, mas um pacote com dez fica por R$ 45.
O método cria diversas vantagens, como diminuir a necessidade do motorista de procurar algum lugar para comprar folhas de Zona Azul, evita falsificações, inibe o trabalho de guardadores e economiza dinheiro da prefeitura em impressão de talões. Mas manteve um elemento que já havia sido criticado por nós quando houve o primeiro chamamento para a criação do sistema: não prevê limite de horas.
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Para o motorista, é bastante prático. Quando o crédito de seu carro estacionado estiver para vencer, o aplicativo emite uma notificação. Com isso, o usuário renova por mais um tempo sem o inconveniente de precisar ir ao veículo para fazer isso. O mecanismo também inibe a atuação de flanelinhas que “renovam” o cartão dos motoristas cobrando um pequeno ágio por cada folha utilizada.
No entanto, ele tem um efeito contrário à natureza do sistema. A Zona Azul é aplicada em áreas de grande movimento comercial, onde o vaivém de pessoas é muito maior que a quantidade de vagas disponíveis na rua. Com a limitação das duas horas impostas, ou a incômoda obrigatoriedade de ir fisicamente ao carro para renovar a permissão de estacionamento, os motoristas tendem a ocupar a vaga por pouco tempo. Com gente saindo, sempre há vagas disponíveis e muito mais pessoas podem ir àquela região de carro.
A Zona Azul Digital permite que se deixe o automóvel na rua o dia inteiro. Por mais que R$ 5/hora pareça muito, ainda sai mais barato que parar o carro em um estacionamento particular nas regiões de mais movimento comercial e de escritório.
Um exemplo prático: eu mesmo. No dia a dia, uso ônibus para trabalhar na redação da F451 (empresa que publica o Outra Cidade). Duas ou três vezes por mês, porém, tenho de fazer uma jornada dupla à noite, em uma emissora de TV. Nesses dias, usar o carro se torna uma opção competitiva na comparação com pegar um táxi para ir até o estúdio e, de madrugada, outro para voltar para casa ou ter de sair mais cedo do trabalho para usar o transporte público na ida e esperar pelas linhas noturnas de ônibus na volta.
A redação do Outra Cidade fica na região da avenida Brigadeiro Faria Lima, uma das áreas com mais escritórios de São Paulo e, claro, com Zona Azul em toda a região. Veja a tabela de preços do estacionamento privado mais próximo:
A partir de sete horas, o valor é de R$ 50. Para um período de cinco horas (tempo suficiente para uma reunião seguida de almoço com cliente), fica R$ 35. Outras garagens do bairro têm a mesma faixa de preço. Assim, por mais inusitado que possa parecer, é mais econômico estacionar no Shopping Iguatemi, que em 2013 tinha o 14º aluguel mais caro do mundo. Parar oito horas, uma jornada convencional, é preciso pagar R$ 44. Quatro horas saem por R$ 20.
Estacionar na rua não era uma opção, pois ir ao carro a cada duas horas para renovar as folhas de Zona Azul é um dos meio muito prático para ter um dia altamente improdutivo. Mas, com a Zona Azul Digital, se torna. Contando que dez créditos saem por R$ 45 (ou seja, R$ 4,5 por hora), deixar o carro o dia inteiro na rua sai R$ 36 e quatro horas custam R$ 18. Não tem seguro, mas é mais econômico, sobretudo para a diária completa.
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Para quem usa o carro todos os dias, tornar-se mensalista de um desses estacionamentos ainda é mais acessível. Mas, para o usuário eventual, recorrer à Zona Azul se tornou uma opção interessante. Considerando que outros centros comerciais, como avenida Paulista e Engenheiro Luis Carlos Berrini, têm faixa de preço semelhantes para parar o carro, são algumas dezenas ou centenas de motoristas por dia usando a rua para parar o carro o dia inteiro.
O impacto nos estacionamentos não deve ser tão relevante, pois eles operam com preços altos e custo operacional baixo de podem absorver a perda de alguns clientes. Quem pode sentir é o comércio local, pois haverá menos rodízio de vagas na rua, tornando o bairro menos acessível para os motoristas. E a ideia da Zona Azul é justamente promover essa rotatividade dos automóveis.