A Exposição Universal de 1967 foi um marco para Montreal. A cidade canadense precisava se preparar para a chegada de turistas e novos negócios, se apresentando ao mundo como uma metrópole moderna. Os pavilhões foram distribuídos nas ilhas de Santa Helena e Notre Dame, no rio São Lourenço, e era preciso melhorar a ligação entre as duas áreas e o centro. A solução foi a que se imaginava para a época: uma via expressa elevada passando por cima de grandes áreas antes de desembocar no centro.
A Autoroute Bonaventure (Bonaventure Expressway para o lado anglófono do Canadá) foi inaugurada em 1966 como um exemplo clássico da visão de cidade voltada para carros que se tinha no meio do século passado. São 11 faixas, seis na via elevada e e cinco em avenidas paralelas no solo. Todos os dias, 25 mil carros e 2 mil ônibus utilizavam o complexo para chegar ao centro de Montreal.
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Cinquenta anos depois, porém, a Bonaventure está deixando de existir da forma como foi idealizada. Desde 1º de julho, o trecho elevado central está sendo demolido. O objetivo da prefeitura local é ter dois boulevards – as avenidas paralelas – até setembro de 2017, nas comemorações do 375º aniversário da segunda maior cidade canadense, a maior da área francesa. O custo estimado das obras é de 142 milhões de dólares canadenses (US$ 109 milhões).
A definição sobre o futuro do espaço foi polêmica. Um projeto inicial previa a construção de edifícios na faixa entre as duas vias, mas o apelo por criar áreas verdes na região falou mais alto. Com isso, o centeiro se transformará em um parque linear, com árvores e passeio público. Os boulevards terão corredor de ônibus e ainda será construída uma linha de VLT para absorver o fluxo de pessoas que eram atendidas pela via elevada.
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Há a possibilidade da construção de uma ciclovia ou ciclofaixa ao longo das vias, mas as autoridades ainda estudam como elas se integrariam na nova via, sobretudo a faixa de ônibus. Por enquanto, só há certeza que haverá estrutura para ciclistas para cruzar os boulevards no sentido norte-sul.
Enquanto as obras estiverem em andamento, Montreal pretende contar com um sistema inteligente de semáforos. Por exemplo, quando houver um evento no Bell Centre – principal arena de esportes e espetáculos da cidade -, o tempo da luz verde poderia ser modificado para aumentar o fluxo na avenida. Mas as autoridades sabem que não será suficiente para compensar as vias fechadas. “As obras vão causar dores de cabeça no trânsito, mas o sacrifício valerá a pena”, comentou o prefeito Denis Coderre.