Crianças saindo de casa para circular pelas ruas do bairro. Marmanjos descobrindo parques e edifícios públicos. Comércio de bairro aproveitando para chamar esses tantos pedestres. Esse movimento já se vê há alguns anos em vários lugares, mas teve um impulso gigantesco nas últimas semanas devido a um aliado inesperado, por ser um tradicional símbolo do lazer em ambiente fechado: o videogame.
O jogo Pokémon Go explodiu de forma tão rápida que é até capaz de as pessoas se cansarem dele em pouco tempo. Não é a tendência, pois seus desenvolvedores devem lançar mão de noviodades ao longo do tempo para dar novo fôlego ao game, mas, mesmo que ocorra, ele já deixa um pequeno legado.
VEJA MAIS:
– Desenvolvedora de Pokémon Go diz que jogo foi feito para ajudar na prática de exercício
– “Brincar é uma característica humana, seja onde você for”
No game, o jogador usa seu celular para capturar pokémons. O GPS ajuda o usuário a localizar os pequenos monstros pelos arredores e a câmera insere o alvo dentro do ambiente real (o vídeo abaixo dá um resumo). O jogo ainda não está disponível no Brasil, o que até motivou um pedido do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pensando no quanto isso poderia contribuir para a interação dos turistas com a cidade durante os Jogos Olímpicos.
O conceito de realidade aumentada, com elementos virtuais interagindo com o ambiente real, não é inédito. Mas nenhuma ferramenta teve o alcance e a repercussão dos monstrinhos japoneses. Rapídamente, surgiram relatos de pessoas voltando a explorar suas cidades – até porque a densidade populacional de pokémons é muito menor em áreas rurais -, de espaços públicos mais óbvios a áreas que estavam escondidas, até o ponto de dois cadáveres já terem sido encontrados por usuários do game.
VEJA MAIS:
– Playable City aborda uso lúdico dos espaços públicos em São Paulo
– Jogo de cartas estimula conexão entre jogadores e moradores locais
– Coletivo usa lixo para transformar a cidade em espaço lúdico
Claro, isso também traz problemas como assaltantes que se aproveitam da presença de pokémons em certas regiões para tirar proveito de jogadores desatentos e pessoas circulando perigosamente em algumas vias. São efeitos colaterais de um fenômeno que, por enquanto, é positivo.
Vários movimentos promovem a retomada dos espaços públicos por meio de atividades lúdicas. As iniciativas são necessárias em diversos aspectos, e games de realidade aumentada podem ajudar nesse processo. Se isso ocorrer, possivelmente será com grande participação da turma do Pikachu.