Gente, o enfoque é em fazer gente ficar junta. O Opavivará! busca basicamente usar a arte para reunir pessoas. Suas obras convidam os indivíduos a parar para relaxar, se divertir, descansar, comer, cozinhar – compartilhar um momento prazeroso e sair um pouco da lógica da produtividade. Para o grupo, a obra só é realizada enquanto os participantes estão interagindo e, por isso, o trabalho é feito principalmente em espaços públicos.
Na 32ª Bienal de Arte de São Paulo, o coletivo carioca expõe até dezembro carrinhos de mão, cinco deles feitos no Ceasa, iguais aos que os carregadores utilizam lá, e outros dois são carrinhos de catadores de material reciclável. Em 5 e 6 de novembro, o grupo estará na capital paulista “ativando” – ou seja, compartilhando publicamente os carrinhos não como instrumento de trabalho, mas como espaço de descanso, carro de som, cozinha – a obra em um parque e depois na rua.
Nenhum trabalho é assinado individualmente. Mesmo na entrevista ao Outra Cidade os integrantes se identificaram. Preferiram falar sem usar nomes, para que todos falassem em nome do grupo, e não de si próprio. “A gente tem trabalhado com um conceito de momento público que pode funcionar em espaços privados, museus, centros culturais”.
Os objetos são pensados pelo coletivo a partir de seu potencial agregador para revelar as tensões que existem nas áreas públicas. “Tensionamos esse lugar ‘público’, que a principio é dado. Nossos trabalhos não reclamam do que é ruim, mas revelam o que é controlado naqueles espaços pelas cercas, secretarias, horários de fechamento.”
Como já reinventaram obras em vários lugares diferentes, eles puderam observar como diferentes populações lidam com a convivência. “A grande questão e dificuldade que é ‘como viver junto?’ A resposta é diferente em cada um deles. Ela se renova e, de alguma maneira, se repete.” Atualmente carrinhos de supermercado transformados em banca de sucos estão expostos na 14ª Frieze Art Fair de Londres.
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Apesar de efêmeras, as ações do grupo também são pensadas de acordo com o momento do local onde a obra se realiza. Em 2009, o coletivo criou a campanha “Eu ♥ Camelô”, com cartões postais retratando os vendedores ambulantes como parte da paisagem cultural do Rio de Janeiro. Na época, a operação “Choque de ordem” da prefeitura proibiu, entre outras coisas, esses profissionais de venderem água de coco na fruta nas praias. Um terço do dinheiro da venda dos cartões era revertido para os ambulantes.
Pelo número de vezes que aparece no mapeamento feito pelo Laboratório de Intervenções Urbanas e Urbanismo Tático, o Opavivará! é um dos coletivos que mais atuam no espaço público da capital fluminense. “A gente vê que realizou algo quando a olhamos de um canto e vemos que está acontecendo sem a gente. Chegamos com a cozinha, por exemplo, que tem toda uma pré-produção, e de repente tem uma pessoa no fogo, outra na louça, outra cozinhando, enquanto nós estamos fazendo outras coisas.”