Primeiro, foi o projeto mal feito do sistema de segurança contra incêndio. Depois, o ar condicionado era fraco demais e não havia balcões de chack ins de bagagens suficientes. Agora, são as mais de mil portas automáticas que precisam ser recolocadas para fechar adequadamente. E, de problema idiota em problema idiota, o novo aeroporto internacional de Berlim vai se tornando um grande mico.
Apesar de todos os investimentos que recebeu nas últimas décadas para se mostrar como uma metrópole moderna e cosmopolita, a capital alemã ainda vive com mutia defasagem em um de seus portões de entrada. O aeroporto internacional de Tegel tem boa parte de sua estrutura ainda da época da Guerra Fria, quando servia a Berlim Ocidental. Corredores são estreitos, a circulação é ruim e há pouco espaço para diversos serviços. O Schönefeld está sendo ampliado, mas não tem tamanho para receber voos de grande porte.
O plano de construir um novo aeroporto internacional começou com a reunificação alemã, mas apenas seu planejamento levou 15 anos. Em 2006, foi anunciada a construção do Aeroporto Internacional Willy Brandt, conhecido popularmente como Berlim Brandenburgo. Ele teria capacidade para 27 milhões de passageiros por ano, 10 mil vagas de estacionamento e sairia do chão a um custo de € 2,5 bilhões. A obra seria entregue aos berlinenses em outubro de 2011.
Desde então, tudo deu errado, em uma sequência de erros que parece mais a história de várias obras públicas brasileiras. Houve de problemas de projeto a suspeita de corrupção, passando até pela contratação de pessoas sem qualificação adequada para o serviço.
O resultado disso são os esperados: com a descoberta do problema nas portas automáticas – que não fecham direito e, por isso, não oferecem segurança em caso de incêndio -, a conclusão das obras foi adiada mais uma vez, para 2018, e o custo está oficialmente em € 6,8 bilhões. No entanto, técnicos já estimam que a inauguração só deve ocorrer no final de 2019 e o custo real ficará em, no mínimo, € 8 bilhões, mais que o triplo do prometido.
O prejuízo não está apenas no atraso e no aumento de custo. Está também no bloqueio de outras iniciativas. O Tegel deveria ser desativado em 2012, dando lugar a uma universidade e edifícios residenciais, além de deixar espaço para projetos que ainda seriam definidos. Uma medida importante para um aeroporto que está sendo engolido pelo crescimento da cidade.
Mas o Tegel se arrasta, claramente ultrapassando sua vida útil. Tudo porque os alemães estão conseguindo fazer tudo errado ao construir um aeroporto à altura de sua capital. Se tudo o que ocorre no Brasil o motiva a dizer, de brincadeira, “7 a 1 foi pouco”, talvez seja a hora de dizer que foi muito.