Alguns meses atrás, voltei do meu mestrado em jornalismo em Nova York determinado a fazer um trabalho que ajudasse a mudar o mundo. Mas onde eu poderia fazer isso? Eu queria escrever em um lugar em que minhas reportagens fossem lidas por bastante gente, mas mais do que isso eu queria que elas fizessem alguma diferença prática na vida das pessoas, que fossem parte de um esforço coletivo para melhorar a situação da cidade, do país.

Quando conheci melhor o Outra Cidade, percebi que a gente tinha muita coisa em comum. Afinal, o Outra Cidade é um veículo de comunicação para as pessoas que se importam com as cidades onde vivem e querem melhorar os lugares que amam. Negócio fechado! A ideia de fazer um jornalismo focado no que pode melhorar – e em como – em vez de ficar só apontando problemas era animadora, ainda mais em tempos deprimidos como os que vivemos.

Entre as ideias e valores do Outra Cidade, umas das coisas que mais me atraiu foi o objetivo de ter um pé no online e outro no offline. Eu só não imaginava que a minha iniciação nesse espacate jornalístico seria tão rápida. O primeiro texto que escrevi pro Outra Cidade, Cruzei o rio Pinheiros com um carrinho de bebê – e foi bom, saiu numa sexta-feira no site. Na terça seguinte – Dia Mundial sem Carro – à uma da tarde eu estava atravessando a faixa de pedestres em frente à prefeitura com um carrinho de bebê (meus bebês ficaram em casa, com os 33°C registrados no último dia de inverno em São Paulo tive que levar um dinossauro de pelúcia como cobaia).

 

Jornalismo com o pé no chão (foto: Associação pela Mobilidade a Pé)

Jornalismo com o pé no chão (foto: Associação pela Mobilidade a Pé)

Eu estava participando de uma ação organizada pelo pessoal do Cidadeapé – Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo. Eles tinham lido o meu texto (e republicado, ampliando o número de leitores!) e me convidado a representar os motoristas de carrinho no Desafio da Travessia, cujo objetivo era mostrar como o tempo que o semáforo de pedestres fica aberto é insuficiente para uma travessia segura de idosos, cadeirantes, crianças, grávidas… e carrinhos de bebê.

Foi empolgante conhecer e começar a colaborar com outras pessoas com vontade de mudar as coisas pra melhor. Pessoas como a Joana do Cidadeapé, a Silvia da Corrida Amiga, o Andrew dos Desbravadores de Sampa, a Meli da Comissão Técnica de Mobilidade a Pé da ANTP. É muito bom poder participar desse ambicioso e otimista projeto de jornalismo que é o Outra Cidade, em que as ideias são digitais, mas os resultados – oxalá – serão reais.

Eu e o pessoal do Cidadeapé e outros ativistas pela mobilidade (foto: Associação pela Mobilidade a Pé)

Eu e o pessoal do Cidadeapé e outros ativistas pela mobilidade (foto: Associação pela Mobilidade a Pé)