Bruno Mahfuz vive em São Paulo desde que nasceu, há 32 anos. Em 2001, sofreu um acidente de trânsito que o deixou em cadeira de rodas. Nesses 15 anos, sentiu bem o quão hostil a cidade é aos cadeirantes, uma questão que nem sempre é percebida pelo resto da sociedade. Para ajudar a pessoas que, como ele, também possuem dificuldades de locomoção – incluindo idosos, grávidas e até pais com carrinho de bebê – ele desenvolveu o Guia de Rodas. O aplicativo permite avaliar a acessibilidade de estabelecimentos que estão no Foursquare.
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O aplicativo tem como função principal a avaliação de pontos comerciais segundo critérios que se baseiam nas experiências de Bruno. “O espaçamento entre as mesas de um restaurante, por exemplo, pode dificultar, e muito, o acesso de um cadeirante. É algo pequeno, que faz muita diferença para nós”.
Entre os critérios adotados pelo Guia de Rodas estão a presença de banheiro adaptado, mesas ou balcões com altura adequada, vagas de estacionamento para deficientes na porta e/ou manobrista. A avaliação geral como local acessível, com acessibilidade parcial ou não preparado para receber cadeirantes é definida a partir da frequência com que os usuários avaliam os itens como presentes ou não. Também é possível fazer uma resenha dos estabelecimentos e as classificações são priorizadas quando feitas dentro do estabelecimento e a localização do usuário é identificada por GPS.
O aplicativo foi lançado há pouco mais de um mês e possui aproximadamente 3 mil avaliações de 2,7 mil estabelecimentos. A ferramenta foi criada por Bruno e dois sócios desenvolvedores. O trio ainda teve apoio de uma seguradora (Porto Seguro), que entrou como patrocinadora da iniciativa.
Os criadores do Guia de Rodas tiveram como referência o Wheelmap, um aplicativo semelhante com base no Open Street Map. A diferença, segundo Bruno, está principalmente no modo de avaliação, que no mapa pode mudar de verde para vermelho conforme a avaliação mais recente, o que não acontece no Guia. Criado em 2010 por alemães, o Wheelmap possui muitos pontos indicados em cidades brasileiras, mas poucos deles foram avaliados.
Por enquanto, o Guia de Rodas não oferece assistência para estabelecimentos com avaliações ruins e Bruno ressalta que o foco no momento é reunir informações úteis para cadeirantes e outras pessoas com mobilidade reduzida permanentemente ou temporariamente. Mas não deveria faltar incentivo aos comerciantes para investirem em melhorias.
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Adequar seu negócio para cadeirantes é uma obrigação legal. A L10048/2000 e a L10098/2000, além do decreto nº5296/2004 regulam condições de acessibilidade, atendimento e mobilidade para garantir a igualdade de direitos de todas as pessoas, com ou sem necessidades especiais, estabelecidos pela Constituição. Além disso, oferecer estrutura traz benefícios diretos, como atrair pessoas com dificuldade de locomoção. “Além de ser um direito, a acessibilidade é lucrativa, o local passa a atender uma gama maior de clientes”, ressalta.
As versões do aplicativo nas línguas espanholas e inglesa devem ser lançadas até maio e a ferramenta está disponível para usuários iOS e Android. Atualmente voltada para avaliação de estabelecimentos comerciais, em breve a plataforma deve contar com informações sobre atrações turísticas e prédios não residenciais.