Conhecida por seu tráfego caótico, a Índia também tem seu próprio um plano futurístico de mobilidade. Um sistema de transporte individual sem motorista foi elaborado para tentar destravar o fluxo das vias de Gurgaon, uma cidade que recentemente se estabeleceu como pólo tecnológico.
O sistema deve ser suspenso 10 metros acima do solo, composto por 1.100 pequenos veículos para transporte rápido privado (PRT) que circularão entre 16 estações. Segundo o The Times of India, a administração local já está reparando o terreno para implantar o PRT, buscado investidores privados para financiar o projeto.
Como grande parte das cidades indianas, Gurgaon cresceu muito nos últimos anos, chegando a dois milhões de habitantes. O problema é que esse crescimento não foi planejado, e a falta de infraestrutura para acomodar o crescimento populacional e econômico transformou a paisagem local com a multiplicação de shoppings, campos de golfe, edifícios de alto padrão e hotéis – que aproveitaram das facilidades oferecidas pela regulação permissiva para novas construções.
Apesar de ter atraído tantos recursos, o município não possui uma rede integrada de esgoto, água ou eletricidade. Quem pode pagar tem acesso a todos esses serviços, que são prestados por investidores privados de maneira ineficiente. Grande parte do esgoto é recolhida e jogada em terrenos públicos. Mesmo quando a água não é retirada ilegalmente dos lençóis freáticos, uma prática comum na região, o abastecimento é falho. Boa porção da eletricidade consumida na cidade provém de geradores a diesel, altamente poluentes.
As vias de Gurgaon são mantidas em bom estado para circulação, pois são fundamentais para a iniciativa privada. A frota local aumenta cerca de 60 mil carros a cada mês, o que torna a cidade poluída e congestionada. O município tem um sistema de metrô, mas a rede não tem alcance suficiente e os vagões estão frequentemente cheios. Os ônibus superlotados também são operados por empresas privadas e não atendem toda a sua extensão territorial, levando os moradores a dependerem dos populares riquixás motorizados ou pedaláveis.
Conforme um estudo publicado por economistas da Universidade de Nova York, a cidade atraiu 70% dos investimentos destinados para o estado de Haryana em 2015, ou seja, teria condições econômicas de se tornar mais funcional. Chamada de “Cingapura indiana”, ela também sedia prestadores de serviços privados eficientes como um corpo de bombeiros que é capaz de atender emergências no alto de seus arranha céus. No entanto, com tantos concorrentes fazendo investimentos para projetos diferentes de cidade em um mesmo núcleo urbano, fica difícil prever como e se Gurgaon vai funcionar no futuro.