Morar em São Francisco é algo cada vez mais inacessível. O valor do imóvel não para de subir, o que tem obrigado muitas pessoas a se mudarem para outras cidades na região metropolitana. Nem todos têm possibilidade ou disposição para pegar as vias expressas entupidas e acabam buscando o transporte coletivo. E o ponto final dessa cadeia de eventos é um sistema de trens metropolitanos tão sobrecarregado que está disposto a pagar para os usuários que evitarem a hora do rush.
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O Bart (Bay Area Rapid Transit, ou Transporte Rápido da Área da Baía) não tem uma distribuição comparável às redes de metrô de outras metrópoles mundiais, como Londres, Nova York ou Paris. Pelo contrário, são apenas 45 estações divididas em cinco linhas, todas buscando passageiros em cidades a leste da Baía de São Francisco e levando a um mesmo corredor no centro da cidade. Essas características levam a um acúmulo de pessoas nas linhas, que desde 2012 operam com movimento acima dos 100% de capacidade na hora de pico.
Por isso, o direção do Bart anunciou a criação do programa Bart Perk (algo como Bônus Bart). O objetivo é dar incentivo material para os usuários que se dispuserem a mudar o horário que utilizam os trens, fugindo da hora do rush. A expectativa é que, se os 422 mil passageiros se distribuírem melhor ao longo do dia, o aumento de conforto esperado apenas para o ano que vem, quando a frota será trocada, viria já nos próximos meses.
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Ainda não foram divulgados muitos detalhes de como funcionará esse programa. Sabe-se que serão 25 mil inscritos para um período de experiência de seis meses. Eles terão de evitar o Bart entre 7h e 8h30 para ganhar presentes ou cupons de descontos em lojas e restaurantes próximos às estações. Outra possibilidade levantada pelos organizadores é dar pontos, que poderiam ser trocados pelas recompensas ou pela participação em uma espécie de concurso ou jogo que daria um prêmio ainda maior.
A empresa que administra o sistema já tem orçamento de US$ 953,8 mil apenas para esse projeto. Seria interessante se o funcionamento desse programa fosse simples e direto (a menção a concursos e trocas de cupons preocupa) para engajar os usuários. Além disso, talvez fosse bom acompanhar uma campanha publicitária para incentivar os patrões a flexibilizarem os horários de seus funcionários. Porque, no final das contas, é a hora de entrar e sair no trabalho que determina quando se pode pegar o trem.