O Parque Kennedy parece um pedaço de Lima que foi dominado por gatos, como uma cidade felina enclavada na região de Miraflores. Humanos são admitidos, claro, sobretudo na forma de turistas ou de provedores de comida e carinho aos donos do pedaço. Claro que não é isso, mas os bichanos estão por toda a parte, nas árvores, canteiros, passeios, há mais de 25 anos. O número exato é mantido em sigilo, para evitar uma caça a eles, mas os frequentadores do local se distraem brincando e tirando fotos com os animais.
A superpopulação de gatos se formou aos poucos. Pessoas foram abandonando seus animais na praça, que acabou se transformando em ponto turístico e motivando a comunidade a se organizar para tratar os animais. Os gatos são cuidados pelo Grupo Voluntário de Defesa Felina Gatos Parque Miraflores(GVDF), uma entidade que promove a adoção dos felinos domésticos. Todos são desparasitados e comem aproximadamente 23 quilos de alimento balanceado por dia. Voluntários e assistentes se revezam para garantir que não falte comida e que os animais enfermos sigam sua dieta especial. O jantar, por exemplo, é servido entre as 18h e 21h, dependendo do horário que o responsável sai do trabalho.
Dois veterinários se dividem no acompanhamento clínico. Enquanto um é responsável por desparasitar, castrar e vacinar, o outro trata dos gatos doentes. A prefeitura local (Miraflores é um município independente, mas é tão integrado a Lima que parece mais um bairro nobre da capital) não possui nenhuma participação nos cuidados com os animais, sendo que 80% dos gastos são pagos com dinheiro dos membros da GVDF e 20% com doações.
A voluntária Natalie Sánchez diz que a conta dos veterinários é frequentemente pendurada. “Se encontramos alguém que queira comprar algo que os gatos precisam, nós vamos juntos para a loja. Precisamos de ajuda porque para manter essa organização, que é a única verdadeiramente coordenada em Lima”, diz.
As feiras de adoção acontecem aos fins de semana, entre 16h e 20h. Mais de 1,3 mil gatos já foram adotados nesses eventos, sendo que os novos donos são avaliados e recebem visitas a domicílio para garantir que os animais estão sendo cuidados de forma responsável. Quem não tem condições de ter um gato pode apadrinhar um deles custeando vacinas e comida. Além dos domésticos, no parque também nasceram alguns gatos selvagens, que não podem ser adotados, mas são igualmente acolhidos com suas famílias pela organização.
Atualmente, boa parte do local está cercada de tapumes para a construção de um estacionamento subterrâneo. Os voluntários do GVDF se preocupam com gatos que entram na área das obras e não voltam mais para o espaço aberto. Para dar ou pedir informações e fazer doações, entre em contato pelo contacto@gatosparquekennedy.org.