Os índices pluviométricos foram generosos em São Paulo no primeiro semestre deste ano. O verão voltou a ser muito úmido e a temporada de chuvas se estendeu surpreendentemente até o começo de junho. Tanta água ajudou a recuperar um pouco os reservatórios da maior região metropolitana do Brasil, mas o clima já ficou seco e a situação do sistema hídrico volta a virar notícia. Ainda mais quando a Sabesp, empresa que gerencia o abastecimento de água na Grande São Paulo, anuncia a intenção de dobrar a captação no interior.
No momento mais delicado da crise hídrica paulista, o governo estadual decidiu realizar obras para tornar dar mais fôlegos aos diversos sistemas de reservatórios que abastecem a capital e cidades vizinhas. Em 2010, a Sabesp informou ser viável retirar 4,7 mil litros de água por segundo dos rios São Lourenço e Juquiá, localizados a sudoeste da capital.
Houve um aumento na previsão de captação em 2015, mas, neste ano, a empresa aumentou a meta para 9,7 mil litros, mais que o dobro do previsto no início da década. O plano ainda depende de aprovação. As obras totais estão calculadas em R$ 2,2 bilhões, financiadas por parceria público-privada, e estariam prontas em 2018.
Já surgiram protestos em cidades da região afetada, como Juquitiba, Itapecerica da Serra e São Lourenço. A Folha de São Paulo fez uma bela reportagem sobre o assunto e recomendamos a leitura. No texto, o repórter Fabrício Lobel conversou com especialistas e a decisão da Sabesp é bastante contestada. “A retirada de água da bacia do Juquiá retrata uma prática irracional existente no Brasil, onde as cidades, ao se expandirem, contaminam seus mananciais e buscam novos cada vez mais distantes”, comentou o hidrólogo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Fábio Tucci, autor de um estudo sobre essa bacia.