Rupturas no tráfego, suspensão da circulação do transporte público e do fornecimento de serviços foram algumas das medidas de contenção tomadas hoje na capital belga. Desde dos ataques de Paris, as atenções se voltaram para Bruxelas, pois terroristas ligados aos acontecimentos de 13 de novembro viveram ou passaram por ali. Nos dias que se seguiram aos atentados que mataram mais de 130 pessoas na capital francesa, a cidade belga ficou em estado de alerta de nível quatro, o mais alto possível. Sem ideia de quando a situação voltaria à normalidade, os cidadãos passaram a questionar se deveriam ficar em casa indefinidamente ou tentar voltar a rotina na medida do possível, enfrentando os percalços de viver alarmado.
Bruxelas voltou a declarar estado de segurança máxima porque as previsões se confirmaram com a deflagração de dois ataques, um em uma estação de metrô e outro no principal aeroporto. Minutos depois das explosões, as redes de telefonia móvel e internet entraram em colapso. Os soldados, que eram presença constante no centro da cidade desde novembro se deslocaram para os locais das ocorrências, enquanto membros do exército conhecidos como paracommandos foram realocados para a área central, onde permanecem preparados para combate.
O suspeito de participar dos ataques de Paris, Salah Abdeslam, teve suas impressões digitais encontradas no distrito de Schaerbeek em dezembro. Ele foi encontrado e preso depois de sua presença ter sido novamente rastreada pela polícia no bairro de Molenbeek na última sexta. Membro do Estado Islâmico e último sobrevivente da célula terrorista condutora dos ataques na capital francesa, Abdeslam morava no local, que também tem ligações com outros membros do grupo. Depois dos acontecimentos em Paris, a vizinhança teve seu policiamento reforçado por ser considerada um reduto provedor de combatentes extremistas – e ainda assim serviu como esconderijo para um fugitivo procurado. Abdeslam admitiu que tinha a intenção de se explodir no Stade de France, um dos alvos do Estado Islâmico na ocasião, durante o amistoso entre as seleções francesa e alemã. O grupo também assumiu a autoria dos últimos atentados.
A fuga de Absdeslam motivou um período de reclusão prolongado em Bruxelas, que se estendeu por quatro dias nos quais os moradores deveriam permanecer confinados em espaços privados. Escolas, comércio, centros esportivos ficaram fechados e só reabriram sobre intenso controle de segurança, com a interrupção da operação do metrô continuando por mais alguns dias. A demanda por táxis chegou a aumentar entre 25 a 30% se comparada aos períodos anteriores aos estados de alerta, uma vez que o centro não estava tão cheio como de costume, mas ainda estava longe de estar vazio.
O estado de alerta estendido desencadeou um debate sobre a necessidade de se manter um rígido sistema de segurança. O prefeito de Bruxelas criticou as restrições comparando-as com “um regime islâmico”. Quando as tensões dispersaram, os belgas criaram uma campanha para convencer os turistas de que era seguro visitar a cidade.
O nível de segurança quatro, que representa a presença de uma ameaça “grave e iminente”, foi declarado pelo ministro do interior, Jan Jambon, hoje após os ataques. Os ônibus, metrô e as operações da empresa ferroviária nacional belga foram completamente suspensos, assim como trens que ligam a Bélgica à Holanda, França, Alemanha e França. Estações e coletivos voltaram a funcionar parcialmente às 16h. Táxis foram mobilizados para facilitar a evacuação nos locais atingidos pelos atentados. Atividades culturais e educativas foram suspensas e 225 tropas adicionais foram enviadas para Bruxelas pelo primeiro-ministro. Voos foram realocados para aeroportos de outras cidades belgas. A maioria das estações de trem deve reabrir nessa quarta, mas devem permanecer acessíveis apenas por uma entrada, sob fortes restrições de segurança. As autoridades locais declararam que não querem que as pessoas fiquem confinadas como no ano passado e as escolas e o comércio devem retomar as atividades amanhã.