por Cláudio Goldberg Rabin
Sentada à minha frente, comendo um petit gateau, Maha Jean Mamo falava, na tarde de uma sexta-feira de setembro, sobre o pesadelo burocrático de sua vida. Sobre como não teve nenhum tipo de documento até os 26 anos, sobre o que teve de fazer para existir e encontrar soluções que seus pais, advogados, diplomatas e ministros achavam impossíveis. Sobre como tinha abandonado toda sua vida no Líbano e vindo para o Brasil sem falar uma palavra em português. Sobre como esse país tinha dado a ela tanta felicidade e tristeza em uma proporção para a qual não há cálculo possível. Sobre como, em resumo, foi sua vida de apátrida.
“Eu tinha oito anos quando comecei a perceber. Participava de corridas na escola, ganhava, mas não podia participar das competições de fora. Era escoteira desde pequena e, quando eu tinha 15 anos, nosso grupo todo foi pra Jordânia. Eu não pude ir. Era um choque atrás do outro”, me disse Maha em uma sorveteria no centro de Ibitinga, município de 50 mil habitantes no noroeste paulista.
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