Quando pensamos em tecnologias para cidades, a coleta de lixo dificilmente está no topo da lista de prioridades. Lidar com mobilidade, por exemplo, chama muito mais a atenção do público. A maior parte dos projetos com resíduos são em diminuir o impacto ambiental tentando reduzir a quantidade de material descartado ou estimulando a destinação correta de recicláveis. Mas há trabalhos que enfocam na coleta e destinação de resíduos de forma eficiente, indo direto até onde estão as lixeiras mais cheias e deixando as mais vazias para uma próxima viagem.
As cidades de Ibagué e Santa Marta, na Colômbia, receberam 130 lixeiras com sensores que avisam quando elas estão prontas para serem esvaziadas e um compactador. Além disso, as lixeiras também possuem uma tela de LED e fornecem sinal de wi-fi, alimentadas com energia solar captada por um pequeno painel no seu topo.
Chamada de Clean Cubes, as lixeiras foram desenvolvidas pela empresa sul-coreana Ecube, que já espalhou 2.500 redes de coleta inteligente em cidades, restaurantes, campi e parques de diversões. Os desenvolvedores disseram ao jornal inglês Guardian que o interesse em monitorar o lixo latino-americano veio da vontade de provar que o trabalho deles não é voltado apenas para os países mais ricos.
Como cada uma dessas lixeiras custa entre US$ 2 e 3 mil, foi preciso desenvolver uma tecnologia mais barata para viabilizar sistemas inteiros de coleta inteligente em cidades maiores de países em desenvolvimento. Assim surgiu o Clean Cap, um sensor com bateria de dez anos de duração que pode ser acoplado às lixeiras já existentes nesses municípios.
Os dados podem ser acessados em no software também produzido pela Ecube, que planeja as viagens de acordo com as informações recebidas dos sensores sobre quão cheias as lixeiras estão ou, se não estiverem, estimativas de quando será necessário esvaziá-las. Recomendações sobre mudanças de percurso e estimativas do tamanho ideal de lata de lixo também são fornecidas pelo sistema.
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Os sensores já estão presentes na Europa, no Oriente Médio, Ásia, América do Norte e México. Cidades brasileiras estão entre as que manifestaram interesse em adotar o Clean Cap. Apesar disso, a tecnologia enfrenta resistência dos trabalhadores da área, pois muitos temem que empregos sejam cortados ou não confiam nas instruções do software e continuam a coletar lixo de latas que ainda não encheram. No caso das lixeiras compactadoras, há o comprometimento do trabalho dos catadores de lixo reciclável. Ainda assim, a empresa alega que a economia gerada por perder tempo checando lixeiras pode chegar a reduzir em até 80% os custos operacionais.