Centenas de londrinos vão para a beira do rio Tâmisa. É uma noite de domingo e todos tinham um objetivo: ver sua cidade ser consumida pelo fogo até ficar em cinzas. Claro, não a Londres real, mas uma réplica de 120 metros de comprimento construída para celebrar o 350º aniversário de uma das maiores tragédias da história inglesa, o Grande Incêndio de 1666.
As chamas tiveram início em uma padaria, mas uma união entre adensamento enorme, construções cheias de materiais inflamáveis e demora na resposta das autoridades permitiram que elas se espalhassem pelo centro de Londres. Após quatro dias, de 2 a 5 de setembro, o fogo destruiu 87 igrejas (incluindo a Catedral de São Paulo) e 13 mil casas, deixando 70 mil londrinos sem ter onde morar.
Apesar da destruição, a quantidade de vítimas fatais foi baixa. Os números oficiais são de seis mortos, ainda que possivelmente mais pessoas tenham perdido a vida sem que fossem contabilizada pelas autoridades. A residência da família real, na região de Westminster, não foi atingida.
O incêndio foi um marco na história da cidade. O centro de Londres foi reconstruído dentro do mesmo plano urbanístico original, mas com modificações fundamentais para assegurar a segurança da cidade: melhorias de higiene, ruas mais largas, cais mais acessíveis ao longo do Tâmisa, nenhum imóvel obstruindo o acesso ao rio e edificações com tijolos e pedras no lugar de madeira.
Para relembrar os 350 anos do incêndio, o artista norte-americano David Best e a empresa Artichoke desenvolveram uma instalação. Foi construída uma grande maquete de madeira da cidade e, na noite de 4 de setembro de 2016, foi colocado fogo em uma das edificações. Os londrinos curiosos não tiveram de esperar quatro dias, apenas pouco mais de uma hora para ver a reprodução de sua cidade virar cinzas.