Os empresários Fernando Assad, Igiano Lima e Marcelo Coelho trabalhavam em um processo de reurbanização de favela na Zona Leste de São Paulo quando perceberam uma contradição nas intervenções. Havia muitas melhorias nas ruas, praças e áreas públicas, mas a casa das pessoas continuava nas mesmas condições. Para mudar esse cenário, o trio criou o Programa Vivenda para realizar reformas em habitações de baixa renda a preços acessíveis.
Para pensar em uma solução junto com a comunidade, o programa organizou reuniões com os moradores de cinco comunidades do Jardim Ibirapuera interessados em reformar suas casas, Zona Sul da capital paulista. A inserção no bairro se deu em parceria com a ONG Bloco do Beco, que já atuava ali. A ideia foi tomando forma com base em discussões sobre o que as comunidades precisavam e quais eram os seus problemas.
“Tem que ser uma solução prática para essa pessoa. Ela não pode receber uma ligação do pedreiro no meio do dia dizendo que faltou dois metros de cano, porque ela não consegue buscar”, diz Assad. O programa começou a fazer as reformas em 2014 e, durante todo o primeiro ano de operação, mais de 80% das reformas eram feitas para famílias de baixa renda que eram atendidas por programas públicos de assistência social. O Instituto Azzi subsidiava 90% do valor. A parceria com a instituição acabou e, a partir do segundo ano, as reformas subsidiadas passaram a ser gratuitas com os custos cobertos por outro instituto, o Phi, e atualmente representam menos da metade das reformas realizadas.
“A meta é que o Programa não dependa das reformas subsidiadas para sobreviver, embora elas sejam fundamentais e nós não tenhamos intenção de eliminá-las, vamos continuar realizando obras em casas de famílias de baixa renda”, diz Assad. Os moradores escolhem entre os kits oferecidos – cozinha, banheiro, área de serviço e quarto – sendo que algumas delas podem ser concluídas em cinco dias.
O Programa Vivenda, que tem sua sede no próprio Jardim Ibirapuera, já realizou 330 reformas. O kit que mais sai, segundo Fernando, é o de banheiro. Quando o morador procura os serviços oferecidos, uma visita técnica é feita na casa para verificar se há problemas que poderiam comprometer a saúde e qualidade de vida dos habitantes. “Claro que quando o cliente vem até a gente, ele tem uma ideia do que ele quer fazer, então há um debate entre arquiteto e morador para definir as prioridades.”