Quatro cidades que viraram uma constante nas notícias sobre poluição no último ano, Paris, Atenas, Madri e Cidade do México se comprometeram em banir os veículos movidos a diesel até 2025. O compromisso foi firmado na capital mexicana durante a conferência de prefeitos C40. Em comparação à gasolina, o diesel é responsável pela formação de 15 vezes mais aerossóis secundários, que são poluentes que afetam seriamente a saúde humana.
Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, a formação de aerossol orgânico secundário responde por aproximadamente 25% do material particulado respirável presente na atmosfera. Uma parcela importante da presença desses poluentes é atribuído ao transporte motorizado, responsável pela emissão de uma série de compostos orgânicos voláteis.
Na capital mexicana, o governo é o principal usuário de veículos a diesel. Na Europa, porém, quase 50% dos automóveis são movidos por esse combustível. Ironicamente, o uso de carros a diesel foi promovido no continente como uma política para a redução das emissões de CO2. Todos os motores a diesel europeus fabricados depois de 2005 possuem filtros de particulados instalados, porém, as emissões de “carbono negro” – um componente do material particulado que absorve luz – desses veículos são entre 25 a 50% maiores que as estimativas da UE para carros produzidos anteriormente.
No ano passado, os prefeitos de 20 cidades, entre elas a capital mexicana, se comprometeram a usar ônibus mais limpos e não poluentes durante o Fórum Latino-Americano de Prefeitos do C40. Na época, a conta era de que os municípios latino-americanos teriam que investir US$ 2 bilhões em 6 mil ônibus não-poluentes para uma redução de 65 mil toneladas de CO2 por ano.
Embora o argumento de redução das emissões de CO2 seja economicamente atrativo, já que quem reduz as emissões têm direito a créditos de carbono, os discursos desse ano foram focados nos impacto da poluição local. Em 2013, 467 mil europeus morreram prematuramente por razões ligadas à poluição atmosférica e a frota movida a diesel é apontada como grande culpada pelo atraso da UE em relação aos países norte-americanos na melhoria da qualidade do ar.
Ainda não está claro qual será a estratégia dessas cidades para alcançar a meta – nem mesmo se o banimento será total ou apenas em áreas centrais, por exemplo. As cidades já indicam que tomarão rumos diferentes: enquanto o prefeito de Atenas, Giorgos Kaminis, aposta no banimento de todos os carros do centro da capital grega; Miguel Ángel Mancera diz que o caminho é investir no transporte público para limpar o ar da Cidade do México.