Algumas das principais imagens do ano mostrando a integração entre pessoas e áreas urbanas serão em manifestações. O Brasil viu manifestações das mais diversas, mas as mais importantes e numerosas tinham como tema o pedido de impeachment ou de manutenção de Dilma Roussef na presidência. E as autoridades muitas vezes mostravam desconforto com tantos protestos.
Foram momentos inegavelmente importantes, mas não foram um fenômeno típico de 2016, e sim uma sequência de um processo que vem desde 2013. Ainda assim, a forma de as pessoas se relacionarem com suas cidades mostrou várias outras faces no ano que está terminando. Vamos relembrar algumas delas:
Mão na massa
A lentidão do poder público de oferecer soluções para melhorar os espaços públicos motivou muita gente a se unir e tomar uma atitude direta. Um exemplo é o Acupuntura Urbana, que recupera espaços públicos com o envolvimento da comunidade do entorno. Outro caso é o do pugilista amador Nilson Garrido, que oferece treinamento de boxe para crianças em situação de rua na área embaixo do viaduto Alcântara Machado.
Algumas das ações foram menos pontuais. Um projeto, por exemplo, visa oferecer análises técnicas para melhorar a qualidade de moradias autocontruídas. Maior ainda é o alcance do Minha Sampa (tem projetos parceiros em outras capitais), que identifica campanhas sociais com grande potencial de impacto e fornece suporte.
A tecnologia também ajudou em alguns casos, como o do deficiente visual que criou um aplicativo para quem não enxerga e precisa do ônibus para se locomover pela Grande São Paulo e o do grupo que criou uma base de dados de acessibilidade no comércio.
Os jovens estão no debate
Em várias cidades brasileiras, adolescentes ocuparam escolas na luta por melhoria nas condições do ensino público. Uma mostra de como os espaços são para todos, de todas as idades. E, cada vez mais, a interação entre as pessoas e suas comunidades são coisas que se ensinam desde cedo.
O projeto Exploradores da Rua, do coletivo Apē, que realiza caminhadas com as crianças de escolas públicas. Em Belo Horizonte, mães se reúnem em praças para reavivar brincadeiras infantis brasileiras tradicionais. No centro de São Paulo, crianças colocaram a mão na massa para melhorar a região do Glicério. Até a criação de brinquedos para playground já se influencia por esses conceitos, com desenhos que favorecem a conexão dos pequenos com os espaços públicos.
A periferia quer falar
As ações sociais ganharam espaço em áreas mais valorizadas das capitais, mas já eram muito fortes – e se tornaram ainda mais – nas regiões que mais precisam de atenção, as periferias. Vários grupos, coletivos, projetos ou iniciativas individuais buscaram dar mais voz aos bairros distantes do centro, tanto por incluí-lo no debate quanto dando força à cultura dessas regiões.
Contamos várias dessas histórias no nosso podcast Próxima Parada, uma parceria com a Agência Mural e a Central 3.
Como lidar com refugiados
Uma nova realidade em diversas cidades, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos (mas também presente no Brasil), é a chegada de refugiados vindos de zonas de guerra. Eles chegam aos milhares em busca de uma oportunidade de recomeçar a vida após perderem praticamente tudo em conflitos por questões políticas, étnicas ou religiosas.
Receber toda essa gente é um processo complicado, pois é preciso recursos humanos, estruturais e econômicos. No Brasil (e na Grécia), um jornalista brasileiro registrou em fotos e depoimentos as histórias dessas pessoas, dando uma cara humana à tragédia. Na Alemanha, um antigo aeroporto, símbolo do nazismo, virou abrigo.