Para Charles Groisman, a atividade física e arte podem despertar a sensibilidade das pessoas para a reintegração dos rios ao contexto urbano. Ele mesmo mudou a sua percepção sobre os cursos d’água nas grandes cidades quando buscava uma forma promover  São Paulo organizando corridas urbanas temáticas na ONG Corpore, da qual era diretor. Foi quando conheceu a iniciativa Rios e Ruas, do arquiteto José Bueno e o geógrafo e educador Luís de Campos Júnior, uma organização que visa identificar bacias hidrográficas de São Paulo e incentivar a convivência urbana com rios livres e limpos.

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Desde então, Groisman trabalha para que outras pessoas também se engajem em melhorar a relação entre rios e o desenvolvimento da cidade, uma vez que eles foram subjugados ao processo de urbanização. Esse bioquímico e farmacêutico industrial que passou por diversas multinacionais antes de migrar para entidades e causas urbanas se tornou responsável por dois desdobramentos do projeto, o Circuito e a Mostra Rios e Ruas.

O primeiro busca estimular a conexão com a natureza por meio da atividade física, com uma corrida de 6 quilômetros e uma caminhada de 4 quilômetros. O percurso tem três etapas: Jardim Botânico e a nascente Ipiranga, Centro Histórico e a bacia do Itororó e o Parque Ecológico do Tietê e as suas margens. “Não é só correr e ir embora. Tem o piquenique, que é a experiência de conviver com o rio.”

Outra maneira de envolver as pessoas em novas maneiras de conviver com os cursos d’água urbanos foi a mostra Rios e Ruas, que busca, por meio de intervenções de arte urbana, retomar aquilo que o concreto escondeu. A mostra foi organizada por Charles em 2014 com recursos obtidos por meio da Lei de Incentivo à Cultura e contou com trabalhos de cinco artistas que integraram uma exposição instalada na Praça Victor Civita.

Ações de pequeno porte do Rios e Ruas chamam a atenção para questões socioambientais (Divulgação)

A mudança de percepção sobre os rios da cidade é o ponto de partida do Rios e Ruas, que também realiza expedições para exploração in loco, oficinas e audioguias – resultado da parceria com o Cidade Azul. A agenda do Circuito deve ser retomada em agosto, mas as atividades para promoção de rios livres e limpos, como os membros da iniciativa desejam que eles voltem para paisagem e para a dinâmica urbana a longo prazo, estão se multiplicando. “Queremos mostrar que isso é possível por meio de ações de pequena proporção, que é como realizamos nossas intervenções”, conta.

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A reconexão com a natureza será abordada no painel “Somos Todos Água” no Festival Path. Nele, Charles Groisman discutirá com o artista Mauro Neri possibilidades de chamar a atenção das pessoas para os cursos d’água urbanos e avançar nessa conversa, que só está começando. O Festival Path ocorre entre 14 e 15 de maio em diversos pontos da região do bairro de Pinheiros, em São Paulo. Os ingressos variam de R$ 40 (um dia de shows) a R$ 249 (pacote completo com palestras e shows) e podem ser comprados diretamente no site. A F451, empresa que publica o Outra Cidade, a Trivela, o Risca Faca e o Extratime, é parceira de mídia do evento.