Reservar uma faixa de rolamento das vias para carros levando mais passageiros é uma ideia que parece boa no papel. Na prática, essa é uma regra facilmente burlável por motoristas que querem se aproveitar dessas pistas menos congestionadas para chegar mais rápido mesmo sozinho no veículo. Por isso, ferramentas que melhorem a capacidade de fiscalizar o uso das faixas solidárias são sempre bem vindas.
A Xerox, a marca que ficou conhecida pelas suas copiadoras, desenvolveu uma ferramenta que pode ajudar a combater motoristas que decidem usar as faixas reservadas para HOV (sigla para high-occupancy vehicles). Durante um programa piloto realizado em 2015, a Xerox detectou que aproximadamente 12% dos veículos que rodavam nessas faixas de rolamento de uma estrada estadual eram de trapaceiros. Durante três dias de testes em um trecho de estrada na Califórnia, foram identificados 78 violadores da HOV por hora com uma taxa de 95% de precisão. A empresa alega que, a olho nu, policiais identificaram 36% das violações.
Quanto maior o número de pessoas desrespeitando a faixa reservada, menores as chances dos objetivos de designar vias para carros com mais passageiros – como diminuir o número de carros nas vias por meio do incentivo à carona – serem alcançados. Além disso, os que realmente estão dispostos a aumentar a lotação do veículo acabam se sentindo desestimulados ao cruzar com tantos motoristas descumprindo a lei.
Para reforçar as velhas conhecidas blitz e a fiscalização a olho nu, a Xerox desenvolveu o Sistema de Detecção de Passageiro Veicular (sim, tem esse nome mesmo). O equipamento usa duas câmeras, um iluminador, um processador de vídeo e um laser disparador que promete desencorajar aqueles que ocupam a faixa mais à esquerda da via quando não deveriam usando algoritmos geométricos. No entanto o sistema não é preciso o suficiente para dispensar a checagem humana das imagens antes do envio da multa.
Apesar de ter passado por testes em oito locais ao redor do mundo, o equipamento ainda não foi instalado em nenhum. O custo estimado, segundo a Xerox, é o mesmo de um sistema de pedágio eletrônico – que pode chegar a US$ 130 milhões. Ou seja, também é uma ideia que pode até parecer boa no papel, mas na prática… Uma saída mais fácil, que também pode fazer com que os carros circulem com mais fluidez, além de impedir invasores indevidos, seria construir barreiras físicas entre as faixas para HOV e as demais.