É a dança da morte. Em noites quentes, mariposas e outros insetos se sentem atraídos por luzes das grandes cidades e voam hipnotizados em torno delas. Não sabem, mas estão virtualmente se suicidando. A maioria morre queimada pelo calor das lâmpadas. Algumas outras são expostas e se tornam presas fáceis para predadores, como aves. No final, só alguns sobrevivem, e eles podem estar passando seus ensinamentos para as novas gerações.

Um estudo realizado na Suíça identificou uma mudança de comportamento em mariposas urbanas. A equipe de biólogos, formada por cientistas da Universidade de Zurique e da Universidade de Basileia, acompanhou o desenvolvimento e ações de 1.050 mariposas adultas. Algumas são descendentes de insetos que sempre viveram em cidades pequenas do interior do país. Outras habitam áreas adensadas na região metropolitana de Basileia. Essas últimas tinham menos propensão a seguir lâmpadas durante a noite.

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Os pesquisadores consideram esse um resultado de evolução. Durante décadas, mariposas que se atraíam menos pelas luzes tinham mais chances de sobreviver e de terem descendentes. Com isso, as novas gerações evoluíram, reduzindo cada vez mais esse tipo de comportamento.

Mariposas voam em torno de poste deiluminação em Tudela, Espanha (AP Photo/Alvaro Barrientos)

Mariposas voam em torno de poste deiluminação em Tudela, Espanha (AP Photo/Alvaro Barrientos)

A seleção natural pode ter aumentado a expectativa de vida das mariposas urbanas, mas as consequências desse fenômeno ainda são desconhecidas. Sem seguir luzes artificiais, as mariposas tendem a se movimentar menos pela cidade, reduzindo sua capacidade de colonização e de polinizar a vegetação. Além disso, essa mobilidade menor a expõe menos a predadores, que podem sentir a queda da oferta de alimento.