Um país inteiro ficou sem energia elétrica por mais de quatro horas e a maior empresa do setor disse que o culpado foi um macaco, que teria tropeçado em um transformador. Isso aconteceu no Quênia, a maior economia africana, mas o macaco está longe de ser o único responsável.

A eletricidade está longe de ser universalmente acessível no país – a rede cobre apenas 5% da população rural e 50% da urbana. Ligações ilegais são comuns e o monopólio do setor energético, que dependem da energia comprada da Empresa de Geração de Eletricidade do Quênia e distribuída pela Quênia Power, conhecida com KenGen, é um dos fatores que pesam no sucateamento da infraestrutura.

Mesmo as pessoas que têm acesso à rede elétrica precisam conviver com a falta dela, pois as falhas no abastecimento são frequentes. O problema é tão sério que o legislativo está considerando obrigar a empresa a compensar seus clientes em casos de apagões de mais de três horas, como o que aconteceu no último dia 7. Em abril, uma queda de energia interrompeu uma das sessões que debatiam a possibilidade de adotar a medida.

A principal fonte de energia são os geradores a diesel, que são caros e poluentes. As falhas no sistema são justificadas das mais variadas formas – a culpa pode ser tanto da chuva quanto de algum animal aleatório. A KenGen, que produz detém três quartos do mercado energético, declarou que tomará as medidas necessárias assegurar que nenhum animal prejudique a distribuição e que o macaco está vivo, sob os cuidados do Serviço de Vida Silvestre do Quênia.

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O governo planeja que o acesso à energia elétrica chegue até 40% dos quenianos até 2030, mas analistas desacreditam a viabilidade do cumprimento dessa meta. Melhorias no abastecimento de Nairobi, que é responsável por metade do consumo nacional de eletricidade, dependem da implantação de 400 quilômetros de rede de transmissão tanto para que a produção tanto do parque eólico de Turkana quanto a nova usina de carvão na região costeira alcance a população local.