É fácil saber qual o caminho mais curto entre um ponto e outro, sobretudo quando se está a pé. Basta uma consultada rápida no Google Maps ou, para os tradicionalistas, olhar o mapa físico para ter uma ideia do itinerário a traçar para chegar a seu destino. Mas nem sempre a melhor rota é a mais curta. Para quem quer curtir o passeio, a jornada é tão importante quanto chegar.
Foi com isso em mente que Martin Traunmueller criou o Likeways, um aplicativo para quem prefere caminhar para conhecer novos lugares em vez de seguir pelo caminho mais curto. As rotas eficientes são substituídas por trajetos mais estimulantes, incentivando o andar a pé como meio de explorar a cidade.
A ferramenta foi resultado de uma dissertação de mestrado em arquitetura adaptável e computação na University College London. No curso, Traunmueller pesquisou formas de usar as redes sociais para tornar as caminhadas urbanas mais atrativas. Ele analisou opções de ferramentas que oferecessem orientação para os pedestres considerando não apenas o jeito mais rápido de chegar, mas também as características das vias para incluí-las no trajeto.
A maioria das ferramentas apenas escolhe o caminho mais curto com base no desenho das ruas, sem levar em conta a experiência que o usuário teria ao seguir o trajeto traçado. No outro extremo, aplicativos como o Serendipitor “gameficam” o percurso, deixando a tarefa de orientar a caminhada em segundo plano. Outros, como o Walkit, sugerem rotas por lugares onde o pedestre seria menos exposto à poluição do ar, mas não tem uma base de dados atualizada em tempo real para executar essa tarefa de modo eficiente.
Como alternativa, Martin criou uma ferramenta que sugere um trajeto entre dois pontos priorizando o que haverá pelo caminho sobre o tempo do percurso. O Likeways usa dados do Facebook Places e traça rotas que passem pelos lugares que tiveram mais curtidas na rede social. O usuário pode selecionar o que deseja ver ao longo do caminho – por enquanto as opções são restaurantes, bares, lojas, museus e galerias. Também há a opção de não exibir os pontos onde esses estabelecimentos se encontram para ir descobrindo o que há de interessante ao longo do percurso.
A ideia é fazer da caminhada uma atividade menos monótona, ainda que isso torne o trajeto um pouco mais longo. A ferramenta pode ser usada tanto para descobrir novos jeitos de chegar aos destinos frequentes quanto para percorrer regiões desconhecidas. Ruas monótonas, com extensos paredões e nenhuma comunicação entre o interior dos edifícios e a via tornam as ruas enfadonhas, enquanto fachadas ativas e com transparência entre os imóveis e a calçada são mais atrativos para quem anda a pé.
O aplicativo também pode ser útil a turistas. Em um dia menos apertado, muitas vezes é útil aproveitar uma caminhada para conhecer atrativos na região (como museus, igrejas, praças ou monumentos) ou para fazer algo (comer ou comprar souvenires, por exemplo).
Ter a possibilidade de andar por vias onde se concentram lugares recomendados com base nos interesses do pedestre pode servir como incentivo para levar mais gente a optar por se locomover andando – e quem já se desloca dessa forma ganha motivos para andar um pouco mais.
Disponível para iOS, o Likeways ajuda quem não se importa de seguir pelo caminho mais sinuoso.