O que é? Marcadas como áreas cinza no Google Maps, as comunidades onde vivem 10% da população da região metropolitana de Buenos Aires não aparecem nos mapas oficiais da cidade. Para facilitar a localização desses assentamentos, foi lançado o Caminos de la Villa, um mapeamento coletivo que também pode ser usado pelos moradores para indicar onde há falhas no fornecimento de serviços públicos básicos.

Estabelecendo novos endereços

Moradores de favelas em Buenos Aires sofrem com defasagem em diversos serviços públicos, de pavimentação e abastecimento de água e energia à dificuldade dos bombeiros ou de uma ambulância de encontrarem o local de uma ocorrência. Mas tinham dificuldade em fazer as reivindicações. Em muitos mapas, suas comunidades eram ilustradas como manchas cinzentas e disformes. Para acabar com isso, o projeto Caminos de la Villa começou a dar traços mais claros para as ruas e necessidades nos assentamentos da capital argentina.

O trabalho foi criado pela organização não governamental Associação Civil pela Igualdade e Justiça (ACIJ), o grupo de TI sem fins lucrativos Wingu e a fundação Avina. Os coordenadores do projeto visitaram as comunidades acompanhados dos moradores portando sistemas GPS para mapear cada viela e depois voltaram para apresentar os resultados para que os mapas feitos com base no Open Street Map fossem revisados. Muitas das ruas não possuíam nomes e foram identificadas com numerais, enquanto os blocos foram marcados por letras.

Favelas mapeadas no Caminos de la Villa (Reprodução)

Favelas mapeadas no Caminos de la Villa (Reprodução)

Desde que a ferramenta foi disponibilizada, os moradores dessas regiões podem registrar qualquer problema no fornecimento de água, energia elétrica, saneamento, serviços de saúde, coleta de lixo, manutenção das áreas de lazer e da infraestrutura viária. A ideia era prover uma plataforma digital equivalente ao aplicativo de consulta e solicitações chamado 147, o qual os habitantes dos bairros presentes nos mapeamentos oficiais podem usar como canal de comunicação com a administração municipal, marcando um X nas áreas que precisavam ser atendidas.

Atualmente, 17 favelas foram mapeadas e algumas já foram incorporadas pelo Google Maps. Essas comunidades também foram adicionadas aos mapas da Câmara Municipal, um passo importante no reconhecimento de que os moradores dos assentamentos irregulares também devem ter acesso aos serviços disponíveis nas demais áreas da capital argentina. O próximo passos para melhorar o atendimento às demandas das mais de mil áreas nessa situação será fazer um levantamento de quais serviços estão presentes em cada área e também das iniciativas comunitárias.