O que é? Os trens do Japão são conhecidos pela sua rapidez e pontualidade, mas também estão sujeitos a eventuais (e bastante raras) falhas no sistema. A eficiência, a limpeza e a segurança do transporte japonês sobre trilhos são a base da confiança que os habitantes locais depositam no sistema. Ainda assim, o primeiro dia de neve de 2016 em Tóquio causou um transtorno incomum, causando atrasos e lotação das plataformas.

Trens bala a prova de atrasos

Os números de passageiros afetados pela lentidão nas linhas de trem e metrô de Tóquio no primeiro dia de neve do inverno japonês chegou a 41 mil. Um número cotidiano para São Paulo e Rio de Janeiro, incômodo-mas-trivial para várias cidades em países desenvolvidos e escandaloso para uma metrópole japonesa. Ainda mais se os atrasos forem de horas entre estações que ficam a minutos umas das outras.

O metrô de Tóquio transporta anualmente 3,1 bilhões de passageiros. Para conseguir colocar tamanha multidão nos vagões, há até funcionários que ajudam a espremer os passageiros na hora do rush, os oshiya. Os vagões preenchidos com seres humanos altamente compactados chegam a carregar 199% de sua capacidade.  O caos é minimizado pela cooperação dos passageiros, que raramente comem ou bebem durante as viagens.

O shinkansen (trem-bala japonês) é famoso pela precisão. A primeira ferrovia de alta velocidade, inaugurada em 1964 ligando Tóquio a Osaka. A atual média de atraso para esse percurso de 500 km é de 54 segundos, com condições climáticas adversas e desastres naturais incluídos. Mesmo nos trens metropolitanos e metrôs, que são mais lentos, os passageiros têm direito a um atestado de atraso para usar como justificativa no trabalho se o embarque demorar mais que cinco minutos.

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A pontualidade não prejudica a precisão do serviço. Nos 52 anos de operação, nenhum acidente fatal envolvendo passageiros de trem-bala foi registrado. Durante o terremoto seguido por tsunami em março de 2011, 27 composições estavam em operação no Japão, mas não houve acidentes envolvendo passageiros. Isso porque os trens são equipados com sensores no solo que detectam terremotos logo que os primeiros tremores começam.

Dirigir trens ou caminhões é a quarta profissão mais popular entre os garotos japoneses, e a estação de Kishi, em Wakayama, colocou um gato como mestre ferroviário, substituindo um outro felino, que ocupava a posição desde 2007. Os trens fazem parte da cultura popular do país e os condutores recebem um treinamento rigoroso, depois do operam as mesmas linhas de modo que o seu controle sobre o veículo permita que ele chegue nas estações exatamente no horário previsto.

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Mapa do metrô de Tóquio

Outro atraso que virou notícia no Japão aconteceu em 2011, quando uma falha nos computadores do sistema ferroviário afetou 81 mil passageiros e a Japan Railway East divulgou um pedido de desculpas de sete páginas com detalhes sobre o erro. Além disso, a empresa foi repreendida pelo ministro de infraestrutura terrestre, transporte e turismo, Akihiro Ohata, que exigiu investigação, reparação de danos e que erro como esse não se repita.

Não satisfeitos, os japoneses estão testando os primeiros veículos da nova geração de trens bala. Os trens maglev são levitados e acelerados usando uma série de imãs nos trilhos e reduzirão pela metade o tempo das viagens para Tóquio, ainda que não atinjam o seu recorde de velocidade atual, de 603 km/h.