Construir novas ruas e estradas pode sair caro, ainda mais para um município de 43 mil habitantes que serve basicamente como subúrbio de classe média de uma cidade maior. Altamonte Springs, na região metropolitana de Orlando (EUA), achou que era preciso incentivar a população a usar menos seus carros sem realizar grandes investimentos. A solução imaginada foi para lá de alternativa: subsidiar corridas de Uber.
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Em 2014, foi inaugurado o Sun Rail, trem metropolitano que ligava as cidades na Grande Orlando no sentido norte-sul. O investimento foi de US$ 1 bilhão, mas os passageiros não aparecem. Já nos primeiros meses a linha trabalhava com movimento abaixo do mínimo necessário para bancar a operação do sistema. A empresa chegou a lançar uma pesquisa na internet para a população dar suas razões para não usar o transporte.
Para a prefeitura de Altamonte Springs, o caminho é facilitar o trajeto entre a casa das pessoas o Sun Rail. Por isso, o município arrecadou US$ 500 mil (parte desse total veio de contribuições de comerciantes locais) para bancar 25% das viagens de Uber que tenham como ponto de partida ou final a estação de trem. Outras viagens de Uber, feitas dentro dos limites da cidade, terão 20% de subsídio.
De acordo com Frank Martz, gerente municipal (profissional contratado pela prefeitura para gerenciar a cidade), é uma medida economicamente justificável. “Uma milha de autopista custa milhões de dólares. Esse sistema com o Uber podemos operar por décadas com apenas US$ 10 milhões”, calcula.
O plano entrará em vigor na próxima segunda, dia 21, em caráter experimental. Mesmo assim, já há negociações da prefeitura para incluir o Lyft, concorrente do Uber, nesse projeto. Mas, claro, há quem critique. E com bons argumentos.
A estimativa de custo da prefeitura ainda é considerada muito vaga e os custos desses subsídios podem crescer rapidamente, a ponto de inviabilizar a conta. Além disso, há contestação sobre a preferência de um transporte individual em relação a investimentos em linhas de ônibus.
A população de baixa renda tem menos acesso a um celular com internet eficiente, condição mínima para chamar o Uber. Além disso, pagar 75 ou 80% da corrida continuaria sendo seria um custo alto demais para quem já tem pouco poder aquisitivo. Uma passagem de ônibus certamente seria mais em compatível ao orçamento dessas famílias.