Em Santiago, uma das medidas de segurança adotadas na região leste foi o uso de balões equipados com duas câmeras 360° – uma delas com visão noturna – capazes de reconhecer uma pessoa em movimento a uma distância de mais de 1.500 metros. Por serem considerados invasivos, a Corte de Apelações decidiu suspender a utilização desses equipamentos nas comunas (menor unidade administrativa chilena) de Las Condes e Lo Barnechea.
A ação judicial foi movida por vizinhos que acreditavam que ter câmeras flutuantes registrando e enviando imagens da região para centros de monitoramento era inconstitucionalmente intrusivo. A decisão judicial foi tomada no início de março com base no artigo 19 da Constituição chilena, que garante o direito à privacidade e a inviolabilidade das residências.
O sistema foi fabricado e desenhado em Israel e é usado em 45 países, inclusive para fins militares. O principal problema apontado pelos opositores da vídeo-vigilância aérea é que esses equipamentos podem gravar o que acontece nos jardins, terraços e até mesmo dentro das casas. Outra preocupação desencadeada pelos balões é de que as imagens captadas possam ser usadas indevidamente.
Operado por equipes compostas apenas por mulheres que se revezam em turnos, o equipamento estava em funcionamento desde agosto de 2015, como parte de um pacote de medidas de segurança adotadas pela administração pública, que também incluiu a instalação de botões de pânico na região. O custo do sistema para cada comuna é de quase 50 milhões de pesos chilenos (aproximadamente R$ 270 mil) por mês.
Apesar de outras medidas terem sido tomadas, a administração pública local das duas comunas atribuem à adoção dos balões as baixas nas taxas de criminalidade. Na área de Lo Barnachea, casos comuns como roubos e furtos caíram de 40 para 14 denúncias, enquanto em Las Condes a queda nesses tipos de crimes foi de 15% durante os seis meses de operação do sistema relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o diretor de operações.
Esse equipamento, que registra o que acontece não só nos lugares públicos, como também nos privados, é usado militarmente em áreas como a faixa de Gaza e na fronteira entre México e Estados Unidos. Por enquanto, nem razões de segurança ou tráfego são suficientes para justificar a adoção desses equipamentos invasivo nas duas comunas.