O crescimento da economia nas áreas metropolitanas da América Latina não estão acompanhando as altas taxas de otimismo entre a população jovem que vive nas  suas grandes cidades. No Brasil, as oportunidades de trabalho cresceram apenas 0.8% em 2014 e o PIB per capta caiu 4,6% em 2015. Os dados da pesquisa realizada pela Fundação Citi indicam a tendência de frustração das expectativas dos jovens latino-americanos predominantemente otimistas pelo ritmo cada vez mais lento de crescimento das oportunidades nos centros urbanos da região.

O estudo avalia a situação econômica dos jovens entre 13 e 25 anos em 35 cidades. Apesar de 47% deles terem se mudado para os grandes centros urbanos em busca de trabalho, educação e melhores condições de vida, a taxa de desemprego entre pessoas de 15 a 24 anos nesses lugares é, em média, 3,4 vezes maior que nas outras faixas etárias.

As oportunidades de emprego cresceram, em média, 1,2% nas áreas metropolitanas latino-americanas em 2014, abaixo dos grandes centros dos países em desenvolvimento (1,7%) e das maiores aglomerações urbanas do planeta (1,5%). Ainda assim, mais de 80% dos jovens de Lima, Bogotá e São Paulo se disseram otimistas.

São Paulo, assim como Campinas, Porto Alegre e Salvador, estava entre as 60 áreas metropolitanas do mundo que tiveram crescimento mais lento em 2014. No entanto, o maior centro urbano brasileiro se encontra entre os que estão progredindo no índice de estratégia econômica para a juventude, que inclui o suporte governamental e quadro institucional; emprego e empreendedorismo; educação e treinamento; capital social e humano; apoio da administração local e presença de redes juvenis. A capital paulista ficou em 22° lugar, logo abaixo de Johanesburgo, que se destacou por ter um desempenho bem melhor do que poderia ser previsto se considerado apenas o seu PIB per capta.

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O PIB paulistano teve um crescimento de 2,1%, abaixo de todas as cidades africanas que foram incluídas no estudo. No quadro geral, os locais que concentram maiores índices de otimismo entre os jovens são aqueles que apresentam taxas de crescimento econômico consistentemente altas, como Pequim e Lagos. As cidades latino-americanas ocupam 5 lugares entre as 15 regiões metropolitanas onde se os jovens estão mais otimistas, em contraste com condições oferecidas nesses locais para a realização de suas pretensões.

Além de prever um proeminente cenário de insatisfação, o estudo também indica que os jovens latino-americanos estão dispostos a mudar de cidade, se for preciso. Cerca de 77% dos participantes da pesquisa que moram em São Paulo estão na capital paulista há menos de cinco anos – a maior taxa de migrantes recentes entre todas as regiões metropolitanas – e 85% daqueles que já trocaram de cidade uma vez o fariam de novo se não encontrarem uma situação econômica favorável onde eles estão. É um sinal de que é preciso urgentemente avaliar o que está funcionando, o que não está, e o que pode ser feito nos centros urbanos para que as expectativas dos jovens e as oportunidades para quem está começando se encontrem.