Os moradores de Tallinn não precisam pagar nada pelo uso de transporte público. A capital da Estônia adotou o passe livre após um referendo em 2013, e se considera bem resolvida com a escolha. Segundo a prefeitura local, a medida rende € 20 milhões de lucro, contrariando as expectativas dos críticos de que era uma política impagável.
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O acesso gratuito ao transporte coletivo público em Tallinn é restrito aos moradores registrados da cidade, 416 mil em 2013. Desde então, mais 25 mil pessoas se mudaram para a capital estoniana. Cada habitante registrado precisa pagar uma taxa anual de € 1 mil, e parte desse imposto é utilizado para financiar todo o sistema.
O sistema de transporte da cidade é 87% composto por linhas de ônibus, com o restante se dividindo em partes iguais entre bonde e VLT. A rede opera das 6h às 23h, sendo que algumas linhas continuam em funcionamento até 0h. Quem não possui o green card que dá acesso gratuito ao transporte para residentes registrados precisa pagar € 2 pelo bilhete que permite o embarque em um veículo, sem integração.
O prefeito Edgar Savisaar, que realizou o plebiscito sobre a gratuidade do transporte e passou um ano implantando o sistema, foi afastado em 2015, acusado de corrupção. Pesquisas realizadas logo depois do fim do processo de implantação mostram que a operação contava com 90% de satisfação entre a população local. Isso aponta que uma parte considerável dos habitantes mudou de ideia, uma vez que o resultado do referendo foi que 75% aprovava a mudança.
Um estudo que acompanhou por um ano a rede gratuita de transporte público da capital estoniana concluiu que a capacidade do sistema aumentou em 9,6%, o que excedeu o aumento da demanda dos passageiros. Antes da implantação da gratuidade, 33% dos custos operacionais eram cobertos por recursos provenientes da cobrança de tarifa. Uma passagem custava € 1 e o bilhete mensal custava € 20. Com o custeio vindo dos impostos municipais, a prefeitura diz lucrar € 20 milhões, apesar de não explicar bem como chegou a esse número.
O passe livre fez que cerca de 8% da população trocasse o carro pelo transporte público, mas, ao mesmo tempo, a distância média percorrida nas viagens de carro aumentou 31%. O motivo seria que o automóvel teria se tornado um meio para atividades de lazer e compras, e menos para o dia a dia de casa para o trabalho e vice-versa.