O mangue é vida, o mangue é bom, o mangue é fundamental. O mangue é também um símbolo de Recife, uma cidade que nasceu em torno do estuário de vários rios. A ocupação urbana desordenada colocou os manguezais em segundo plano, aterrando alguns e tornando os quase um incômodo. Como uma parte da capital pernambucana que algumas pessoas preferem ignorar (ou fingir que não veem). Mas ele explica muito da cidade.

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Uma das obras de referência nesse aspecto é “Homens e Caranguejos”, do médico e cientista político Josué de Castro. Um livro que ajudou a inspirar o movimento Manguebeat, em que bandas como Chico Science & nação Zumbi e Mundo Livre S/A misturavam elementos regionais com rock. Pela própria natureza do estilo, muitas músicas carregavam elementos sociais com referências ao mangue.

O caso mais claro é Manguetown. Nela, Chico Science compara a vida na beira dos mangues com a do próprio mangue. É uma vida cheia de lama, com cheiro ruim e com habitantes que se arrastam como caranguejos (e não podem olhar por cima como os urubus). No entanto, é uma vida digna e que tem seus momentos de alegria, sobretudo quando se sai à noite para se divertir e, quem sabe?, encontrar uma garota com quem dividirá a vida na cidade do mangue.

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