Os refugiados que fizeram do porto de Pireu um campo improvisado, provenientes principalmente da Síria e do Afeganistão, chegaram a ser completamente evacuados pelas autoridades Gregas na última quarta-feira. Isso antes da chegada de mais 108 pessoas em busca de refúgio, logo no dia seguinte. Um pouco da história das milhares de pessoas que viveram no local pode ser encontrada nos projetos I am Immigrant e Drawfugees, do voluntário André Naddeo, que passou dois meses trabalhando no local.
Ele saiu do Rio de Janeiro, onde vive e trabalha como jornalista, com a ideia de registrar de uma forma diferente a vida dos refugiados. “A ideia não era ficar lá absorvendo e depois ir embora. Eu cuidava do armazém, da limpeza e também documentava”, conta. O Drawfugees reúne fotografias de crianças refugiadas e seus desenhos, que contam um pouco das suas histórias. As folhas de papel e as canetas eram entregues às crianças do campo que participavam das atividades lúdicas organizadas por Naddeo. Depois, se os pais autorizassem, eram feitas as fotografias.
“A chegada é complicada, muitas pessoas que lá estavam foram perseguidas por serem consideradas traidoras em seus países de origem. Não cheguei direto com a câmera, estava tratando de seres humanos e vidas, era preciso ir mais com calma”. Naddeo contou com a ajuda de refugiados que sabiam inglês e conseguiu, na maioria das vezes, que a autorização para fazer as imagens fosse concedida.
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Histórias sobre como era a vida dos refugiados antes de eles serem obrigados a deixar tudo em busca de abrigo e seus sonhos também são o foco do I am Immigrant . Com registros sobre adultos em vídeo e em texto, o projeto reúne 30 histórias. “Comi a mesma comida, usei o mesmo banheiro, eles me viam todos os dias. Foi um modo de criar laços de confiança, uma relação estreita, para fazer com que eles se abrissem”, diz Naddeo.
De volta à capital fluminense, o jornalista ressalta que a sua situação, no entanto, era muito diferente, pois ele poderia deixar o acampamento quando quisesse e também não estava ali por ter enfrentado uma situação de risco. Autoridades afirmam que os refugiados de Pireu foram levados para outras partes da Grécia. Liberar a área do porto era uma prioridade do governo grego devido à importância econômica e turística do local. “No Rio de Janeiro, onde eu moro, convivo com um grande contraste social. Mesmo assim, a situação lá era muito chocante”.